- Daciolo e seus companheiros foram punidos por
"articulação em manifestação"
Daciolo foi considerado símbolo do
movimento por melhores salários
O comando-geral do Corpo de Bombeiros decidiu nesta
segunda-feira pela exclusão do cabo Benevenuto Daciolo, símbolo do movimento
grevista, e mais doze bombeiros apontados como líderes da paralisação.
De acordo com a assessoria da corporação, todos são
considerados “culpados por articulação em manifestações de caráter
político-partidário, nas quais incitaram ostensivamente a tropa à prática de
ilícitos de natureza disciplinar e penal militar, além da adoção de conduta
incompatível com a missão de Bombeiro-militar”.
As audiências do Conselho Disciplinar da corporação
foram realizadas na última semana. Segundo a assessoria dos bombeiros, os
conselheiros consideraram culpados todos os envolvidos. Eles respondiam por
aliciamento e incitamento a motim.
Com esta etapa cumprida, dois relatórios - um
especial sobre Daciolo e outro relacionando os outros líderes - foram enviados
ao comandante-geral Sérgio Simões. Ele tinha prazo de cinco dias para bater o
martelo.
No caso dos demais participantes, o período foi
cumprido à risca, uma vez que haviam sido julgados na quarta-feira (7).
Contudo, em relação a Daciolo, o comandante se antecipou, já que a audiência
sobre a situação do cabo ocorreu na sexta-feira (9).
Daciolo foi preso dia 9 de fevereiro, depois de ser
flagrado em escutas telefônicas supostamente negociando estratégias grevistas
com líderes do movimento na Bahia e no Rio. A paralisação, que englobava
bombeiros, policiais militares e civis, foi anunciada oficialmente no dia
seguinte, em uma assembleia na Cinelândia, no centro da capital fluminense.
Os outros bombeiros que ficaram detidos com Daciolo
no complexo penitenciário de Bangu (zona oeste), em meados de fevereiro, foram
capturados alguns dias depois.
Bombeiros não foram comunicados
O Movimento dos Bombeiros divulgou nota na qual
informou que tomou conhecimento da decisão da corporação pela imprensa. Leia um
trecho da nota.
“O Movimento dos Bombeiros esclarece que soube pela
imprensa da expulsão de 13 bombeiros militares que participam da luta por
dignidade, iniciada em abril de 2011. São 13 pais de família que no total
efetuaram o salvamento de milhares de vidas. O movimento sempre foi pacífico e
ordeiro, pela dignidade, e sempre foi pautado pela busca por diálogo e
entendimento. Lembramos que estes 13 pais de família foram presos em Bangu 1,
em presídio, de forma arbitrária e ilegal, mantidos em celas durante sete
dias. Agradecemos o apoio que a população fluminense, sabedora que
arriscamos nossas vidas pela vida do próximo, recebendo o pior salário do
Brasil, sempre nos deu. Todas as medidas judiciais cabíveis serão tomadas”.
A mulher de Daciolo, Cristiane Daciolo, disse que
não conseguiu entender o motivo da exclusão dos bombeiros. Ela disse que
mantinha esperanças por causa da conduta "exemplar" do marido e dos
outros participantes do movimento.
- Eu não sei o que fazer. Ainda não digeri. Achei
que a conduta perfeita, exemplar, deles fosse pesar a favor. Mas não pesou,
infelizmente.
Movimento enfraquecido
A prisão das principais lideranças refletiu no
movimento, que acabou perdendo força. No dia 13 de fevereiro, a greve foi
suspensa, após assembleia geral realizada na Lapa, região central do Rio.
O anúncio da paralisação foi marcado pelo desabafo
de Ana Paula Matias, mulher do sargento Alex Matias, do 2º GMar (Grupamento
Marítimo), que falou em nome do marido e de seus companheiros.
- Nunca deixamos de atender à população. O que
existe é a luta pela Justiça. A luta neste momento não é mais por dignidade
salarial, é simplesmente pela dignidade humana. O único crime será manter esses
homens presos.
Veja a relação de bombeiros expulsos:
Cabo Alexandre Salvador de Azevedo
Cabo Paulo Roberto Noronha dos Santos Junior
Cabo Andrei Carlos Azevedo dos Santos
Cabo Adhemar de Queiroz Balthar Junior
Cabo Benevenuto Daciolo Fonseca dos Santos
3º sargento Heraldo Correia Vieira
3º sargento Alexandre Gomes Matias
3º sargento Wallace Rodrigues Chaves
3º sargento BM Harrua Leal Ayres
3º sargento André Manoel Pontes Matos
2º sargento Daniel Alves dos Santos
2º sargento Paulo Edson de Campos do Nascimento
Subtenente Valdelei Duarte
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