"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." - Martin Luther King

domingo, 18 de maio de 2014

DITADURA MILITAR NO BRASIL – Mal ou bem Necessário ? Golpe ou contra-revolução Comunista ?

Written By Beraká - o blog da família on sexta-feira, 4 de abril de 2014 | 09:10

É desconhecimento, memória fraca ou conveniência classificar de golpe o que na realidade foi apenas a interrupção de um processo revolucionário de tomada do poder pelos comunistas, iniciado antes de 1960 e intensificado no governo Jango.

O historiador Jacob Gorender, do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), em seu livro Combate nas Trevas, intitula o capítulo 8 de “Prérevolução e golpe preventivo”. A seguir transcrevo opiniões irrefutáveis de militantes que participaram da luta armada, de jornalistas, de professores de História e de Sociologia:

 “Nos primeiros meses de 1964 esboçou-se uma situação pré-revolucionária e o golpe direitista se definiu, por isso mesmo, pelo caráter contra-revolucionário preventivo.  A classe dominante e o imperialismo tinham sobradas razões para agir antes que o caldo entornasse.”
(GORENDER, Jacob. Combate nas Trevas. 5ª edição, 1998).

Sob o título “Cuba Apoiou Guerrilha já no Governo Jânio”, Mário Magalhães, da sucursal do Rio, do jornal Folha de São Paulo, edição de 08/04/  2001, publicou o seguinte: 
“Desde o início (1959), os cubanos estavam convictos de que a luta armada era o caminho da Revolução”, diz o historiador Jacob Gorender.

Parte da entrevista de Daniel Aarão Reis Filho, publicada em O Globo de 23/09/2001:
“As ações armadas da esquerda brasileira não devem ser mitificadas. Nem para um lado nem para o outro. Eu não compartilho da lenda de que no final dos anos 60 e no início dos 70 (inclusive eu) fomos o braço armado de uma resistência democrática. Acho isso um mito surgido durante a campanha da anistia. Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática.”

Observação do autor: em 15 de junho de 70, Daniel Aarão Reis Filho foi um dos quarenta militantes banidos para a Argélia, em troca do embaixador da Alemanha. Atualmente é professor titular de História Contemporânea da UFF.

“Livro revelou que PCB planejava dar golpe em 1964”

“... Malina confirma no livro que o “partidão”, com o apoio de Luís Carlos Prestes, chegou a planejar um golpe em 1964, antes da tomada do poder pelos militares. “O último secretário” dá conta ainda de que havia uma organização militar clandestina dentro do PCB desde a Revolução de 30...”
(MALINA, Salomão - secretário-geral do PCB - O Globo - 01.09.2002, pág. 12 B).

Em 29/03/2004, o jornal O Globo publicou a reportagem abaixo, da qual transcrevo trechos:
“Falava-se em cortar cabeças; essas palavras não eram metáforas”  

Aydano André Motta, Chico Otávio e Cláudia Lamego

“Um dogma precioso aos adversários da ditadura militar iniciada a 31 de março de 1964 está em xeque. Novos estudos realizados por especialistas no período - alguns deles integrantes dos grupos de oposição ao regime autoritário - propõem uma mudança explosiva, que semeia fúria nos defensores de outras correntes:  chamar de resistência democrática a luta da esquerda armada na fase mais dura do regime está errado, historicamente falando. Falava-se em cortar cabeças, essas palavras não eram metáforas.


Se as esquerdas tomassem o poder haveria, provavelmente, a resistência das direitas e poderia acontecer um confronto de grandes proporções no Brasil - atesta Daniel Aarão Reis, professor de História da UFF e ex-guerrilheiro do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8). - Pior, haveria o que há sempre nesses processos e no coroamento deles: fuzilamento e cabeças cortadas.”

“Ninguém estava pensando em reempossar João Goulart”

“Denise Rollemberg, mestre em História Social da UFF, destaca que o objetivo da esquerda era a ditadura do proletariado e que a democracia era considerada um conceito burguês.”
“Não se resistiu pela democracia, pela retomada do status quo pré-golpe. Ninguém estava pensando em reconstituir o sistema partidário ou reempossar João Goulart no cargo de presidente” diz Denise.

“A professora explica - e Aarão Reis concorda - que a expressão sequer surgiu no fim dos anos 60, início das batalhas entre militares e terroristas.”

“A descoberta da democracia pela esquerda se dá apenas no exílio, com a leitura de filósofos e pensadores como o italiano Antonio Gramsci...”.

“Outro participante da luta, o professor de História da UFRJ, Renato Lemos, acha que é responsabilidade ética, social, políticae histórica da esquerda assumir suas idéias e ações durante a ditadura.”

“Cada vez mais se procura despolitizar a opção de luta armada numa tentativa de autocrítica por não termos sido democratas. Nossa atitude foi tão válida quanto qualquer outra. Havia outros caminhos, sim. Poderíamos tentar lutar dentro do MDB, mas achávamos que a democracia já tinha dado o que tinha de dar”, confirma Lemos.

Aarão Reis discorda:

“As esquerdas radicais se lançaram na luta contra a ditadura, não porque a gente queria uma democracia, mas para instaurar o socialismo no País, por meio de uma ditadura revolucionária, como existia na China e em Cuba. Mas, evidentemente, elas falavam em resistência, palavra muito mais simpática, mobilizadora, aglutinadora. Isso é um ensinamento que vem dos clássicos sobre a guerra.”

Professor de Sociologia da Unicamp, Marcelo Ridente argumenta que o termo “resistência” só pode ser usado se for descolado do adjetivo “democrática.”

“Houve grupos que planejaram a ação armada ainda antes do golpe de 1964, caso do pessoal ligado ao Francisco Julião, das Ligas Camponesas. Depois de 1964, buscava-se não só derrubar a ditadura, mas também caminhar decisivamente rumo ao socialismo.”

Professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, autor do aclamado Como eles agiam, sobre o funcionamento do regime, Carlos Fico chama de ficção a idéia de resistência democrática. Ele também ataca a crença de que a luta armada foi uma escolha motivada pela imposição do AI-5.

“A opção de pegar em armas é anterior ao ato institucional. Alguns grupos de esquerda defenderam a radicalização antes de 1968 - garante ele.” 

Em 31/03/2004, o jornal O Estado de S. Paulo publicou a entrevista abaixo da qual transcrevo um trecho:

“Derrotados escreveram a História”
  
Estado - O que levou os militares ao movimento de 1964?

Ruy Mesquita - "Acho fundamental, para que se possa fazer uma análise objetiva e fria, sobre a chamada revolução de 64 - que na realidade não foi uma revolução, foi uma contra-revolução; não foi um golpe, foi um contragolpe -, situá-la no tempo político internacional. No começo dos anos 60, com a vitória de Fidel Castro e com a sua entrada no jogo do bloco soviético, o foco principal da guerra fria passou a ser a América Central, o centro geográfico das Américas. A tal ponto que ali nasceu a primeira e talvez única ameaça concreta e iminente de uma guerra nuclear, quando em 62 houve a crise dos mísseis nucleares que os russos instalaram clandestinamente no território cubano. O risco era real. Diz-se que a história é sempre escrita pelos vencedores. A história do golpe de 64 foi escrita pelos derrotados.”

Tais manifestações e pronunciamentos falam por si. Não há qualquer sustentação na história ou nos documentos da esquerda que comprove ter havido um “golpe da direita” ou um “golpe militar”. Tais conceitos fazem parte da mesma orquestração em que se inclui a falácia de que a esquerda revolucionária pós 1964 lutava contra a “ditadura”. 

Não tenho idéia de quem urdiu essas mentiras, mas com muita convicção afirmo que tudo faz parte de um processo para desmoralizar o movimento de 31 de março de 1964 e de mitificar os “heróis” das esquerdas.

Houve, realmente, uma Contra-Revolução: um duro golpe contra as pretensões de comunização do Brasil.
 A Verdade Sufocada - A História que a esquerda não quer que o Brasil conheça - Carlos Alberto Brilhante Ustra

Fonte com mais informações: http://www.averdadesufocada.com/index.php/contra-revoluo-de-1964-notcias-106

Fonte: http://berakash.blogspot.com.br/2014/04/ditadura-militar-no-brasil-mal-ou-bem.html

sábado, 17 de maio de 2014

Pobreza da aritmética – Por Cristovam Buarque

O Brasil passou a acreditar que 22 milhões de brasileiros teriam saído da pobreza extrema. Este discurso se baseava na ideia de que estas famílias passaram a receber complemento de renda suficiente para ultrapassar a linha de R$ 70 por pessoa por mês. Esta visão aritmética não resiste a uma análise social que efetivamente cuide da pobreza.
Nada indica que uma família sem adequada provisão de escola, saúde, cultura, segurança, moradia, água e esgoto saia da pobreza apenas porque pode comprar aproximadamente oito pães por pessoa a cada dia.
A linha da pobreza não deve ser horizontal, separando quem tem mais de R$ 2,33 por dia e quem não tem, mas uma linha vertical, separando quem tem e quem não tem acesso aos bens e serviços essenciais.
É como se, na época da escravidão, o povo fosse convencido de que o país era menos escravocrata apenas porque o proprietário gastava mais dinheiro na alimentação de seus escravos. A separação entre o escravo e o trabalhador livre não era uma linha horizontal definida aritmeticamente pela quantidade de comida que recebia, mas uma linha vertical separando quem tinha e quem não tinha liberdade.
Hoje, a linha da pobreza efetiva deve ser determinada por quem tem e por quem não tem acesso aos bens e serviços essenciais. E neste sentido, o Brasil não está avançando na educação, na saúde, no transporte e na segurança.
Mesmo dentro de sua lógica, o argumento aritmético fica frágil quando se observa como a renda dos pobres avança e regride dependendo da inflação. Entre março de 2011 e abril deste ano, a inflação medida pelo INPC foi de aproximadamente 19,6%, fazendo com que cerca de três milhões de brasileiros tenham regredido abaixo da linha aritmética da pobreza extrema. Mesmo com o aumento de 10%, anunciado dia 1º de maio, 1,5 milhão de pessoas regrediram abaixo dessa linha.
Outra forma de ver a fragilidade do argumento aritmético está na dependência em relação ao valor do câmbio. Pela paridade do poder de compra, em março de 2011, o benefício básico do Bolsa Família era equivalente a US$ 1,25 por pessoa, por dia, valor adotado pela ONU como abaixo da linha da qual se caracteriza a pobreza extrema.
Com a desvalorização cambial, houve uma perda de poder aquisitivo de aproximadamente 20%. Portanto, cerca de quatro milhões de brasileiros estão de volta à pobreza (mesmo considerando o aumento de 10%).
Pelo conceito social, não aritmético, de pobreza, considerando acesso à saúde, à educação e ao transporte de qualidade, o Brasil tem hoje pelo menos 22 milhões de brasileiros abaixo da linha da pobreza extrema, número que não diminuiu nestes últimos anos.
Cento e trinta e seis anos atrás, o Brasil não aumentou a quantidade de comida nos pratos dos escravos, fez a Lei Áurea que os libertou. A Lei Áurea não foi um argumento aritmético, mas social. Por isso, ela se fez permanente, e nós a comemoramos nesta semana sem recaídas ocasionadas pela inflação ou pelo câmbio, sem a pobreza aritmética.


Cristovam Buarque é senador (PDT-DF).
Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/post.asp?blogadmin=true&cod_post=536216&ch=n