Tudo
foi pensado para dar certo. Mas, infelizmente, deu errado. Gilberto Carvalho
deixaria a Secretaria-Geral da presidência e assumiria depois o poderoso
Conselho Popular. E, a partir daí, se travestiria em uma espécie de “Fidel sem
barba”, manipulando a seu bel-prazer todos os programas sociais do país,
inclusive o Bolsa Família, que seria coordenado pelos conselhos populares
estaduais. Foi como o Lula planejou quando exigiu que a Dilma mandasse para o
Congresso esse entulho autoritário que se assemelha aos conselhos da revolução
de Cuba e da Venezuela, uma extensão dos serviços de espionagens oficiais que
têm como finalidade vigiar as pessoas para impedir casos de insurgências contra
o governo.
Aliás,
na Venezuela esse casuísmo atende pelo nome de Ministério de Comunidades e
Movimentos Sociais que tem a finalidade de “treinar, conscientizar e organizar
o povo para defender o que foi alcançado e avançar na construção de uma
sociedade socialista”. O próximo passo petista seria criar esse ministério no
Brasil e entregá-lo a Gilberto Carvalho, sonho, por enquanto, interrompido.
Na
verdade, Gilberto Carvalho já é o responsável hoje pelo monitoramento dos
setores sociais do governo. Na função de secretário-geral da presidência é da
sua atribuição atuar “no relacionamento e articulação com as entidades da
sociedade civil e na criação e implementação de instrumentos de consulta e
participação popular de interesse do Poder Executivo”, como bem lembra o
colunista Merval Pereira, na sua coluna do Globo. Não é difícil, portanto,
deduzir que o fiel escudeiro do Lula passaria a ter plenos poderes ao
administrar todos os setores sociais do país, constituindo-se em um
mega-ministro.
Ao
perceber que essa seria a fórmula do Lula começar a esvaziar o seu segundo
mandato, Dilma não hesitou. Fez cara de paisagem à votação do decreto na Câmara
dos Deputados, depois que a mídia imputou ao ex-presidente a derrota de
Henrique Alves ao governo do Rio Grande do Norte. Assim, cairia sobre as costas
do presidente da Câmara a responsabilidade pela rejeição do decreto. Dilma
demorou, mas está conspirando direitinho para evitar a mão de ferro de Lula
sobre o seu novo mandato. É assim, inclusive, que ela vai se comportar na
formação do novo ministério. Quer, a todo custo, impedir a hegemonia do PT na
escolha de seus auxiliares diretos. Pretende, com isso, impor uma marca no seu
segundo governo – que ainda não existe.
Como
a manobra lulista de criar os conselhos não deu certo, coube a Gilberto
Carvalho, o principal interessado, criticar o Congresso. Disse, por exemplo,
que era uma “vitória de Pirro” e que a rejeição “vai contra os ventos da
História”. De Renan Calheiros, presidente do Senado, recebeu logo um chega pra
lá: “Sinceramente, mais uma vez, o ministro Gilberto Carvalho não está sabendo
nem o que está falando”. A criação do conselho teria, entre outras finalidades,
a de monitorar o eleitor. Deixaria nas mãos de Gilberto Carvalho a
responsabilidade de administrar os programas sociais com o cadastro e o
assistencialismo de todos os brasileiros dependentes do governo, uma manobra
que visaria a prolongar indefinidamente a permanência do PT no poder.
Outro
petista que se insurgiu contra a rejeição ao decreto da Dilma, foi o senador
Humberto Costa, de Pernambuco. Depois de dizer que o povo do Rio Grande Norte
agiu certo ao derrotar Henrique Alves, Costa também chamou de “débeis mentais” grupos
de jornalistas que classificaram como “bolivarianismo” a proposta de se fazer
um plebiscito para aprovação das mudanças do sistema político-eleitoral. Grupo,
confesso, no qual este modesto articulista se inclui.
Em
tempo: É isso mesmo, é o que você pensou. Humberto Costa é aquele mesmo que
quando foi ministro da Saúde, em 2008, envolveu-se no escândalo da “Operação
Vampiro”, a quadrilha que desviou 27 milhões de reais na compra de remédios do
Ministério da Saúde.
Fonte: http://www.diariodopoder.com.br/artigos/gilberto-carvalho-seria-o-nosso-fidel-sem-barba-a-frente-dos-conselhos/
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