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Vacas
no mesmo brejo
Que
a vaca de Anthony Garotinho (PR) foi para o brejo, todos no Brasil ficaram
sabendo desde 5 de outubro, quando o deputado federal não conseguiu sequer
chegar ao segundo turno de uma eleição a governador do Rio que chegou a liderar
nas pesquisas na maior parte da campanha. Isso foi antes dele ajudar a conduzir
ao mesmo destino brejal, no último domingo, a vaca de presépio do senador Marcelo
Crivella (PRB), a quem deu seu apoio no segundo turno.
Rejeição
no RJ e Campos
Bem
verdade que, na disputa final com o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB),
Crivella não foi prejudicado só pela enorme rejeição de Garotinho, talvez a
maior entre os políticos fluminenses, mas também por aquela provocada pela
Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd), da qual o senador é bispo licenciado,
e pelo seu tio Edir Macedo. Todavia, ao perder feio o segundo turno em Campos,
onde Pezão ganhou em cinco das sete zonas eleitorais, Crivella revelou por
tabela como hoje também é grande a rejeição ao próprio Garotinho dentro da
cidade deste.
Os
“independentes”
Como
não há nada que não possa piorar, ontem, ao lado do filho Wladimir, Garotinho
teve uma reunião muito tensa, na sede da Prefeitura de Campos, de quatro horas,
das 16h às 20h, com 11 vereadores que se intitulam “independentes”: Genásio
(PSC), Jorge Magal (PR), Gil Vianna (PR), Albertinho (Pros), Alexandre Tadeu
(PRB), Dayvison Miranda (PRB), Thiago Virgílio (PTC), Neném (PTB), José Carlos
(PSDC) e Miguelito (PP) e Álvaro César (PMN). Para se manterem governistas, os
11 reivindicaram que o próximo presidente da Câmara seja Genásio, Magal ou Gil.
Reunião
na lama
Acuado,
Garotinho reagiu da única maneira que sabe: atacando. Ele centrou fogo em
Magal, Gil e Albertinho, que concorreram às eleições legislativas de 5 de
outubro contra a vontade do líder. Exaltado, Garotinho teria cobrado na frente
de todos: “E seus 300 cargos na Prefeitura, Gil? E o convênio do
município com sua escola Santana de Azeredo, Magal”. Mas foi com o terceiro que
o (ainda) deputado federal de direito e prefeito de fato teria batido mais
pesado: “Eu tirei você da lama, Albertinho!”.
Tadeu
reagiu
Depois
de cobrá-los duramente, por julgar que os três, entre os 11 descontentes, são
os que mais recebem vantagens do governo municipal, Garotinho os teria
ameaçado: “Magal, Gil e Albertinho podem sair daqui, entregar tudo que têm na
Prefeitura e ir para oposição”. Os três se levantaram e saíram, quando Tadeu
reagiu e disse na cara de Garotinho: “Se eles saírem e forem para a oposição,
vamos todos os 11”. Enquanto isso, Álvaro César saiu da sala para chamar os
três de volta e Wladimir tentava negociar em separado com Genásio,
oferecendo-lhe uma secretaria para abandonar o grupo.
PRB
ajuda Rosinha?
Quando
Magal, Gil e Albertinho voltaram, Wladimir tentou repreendê-los, fazendo com
que todos os vereadores questionassem sua presença. Diante de todos, Garotinho
teria mandado o filho “calar a boca” e ligado para Crivella, numa tentativa de
enquadrar Tadeu. O sobrinho de Edir Macedo se limitou a enviar uma mensagem de
WhatsApp por celular para Dayvison, pedindo para os seus dois vereadores
“ajudarem Rosinha”. Não custa lembrar que Crivella aceitou o apoio de Garotinho
no segundo turno estadual contra o conselho pessoal do mesmo Tadeu.
Oposição
banida
Resumo
da ópera bufa: hoje, antes da sessão marcada para às 10h da manhã, os 11
“independentes” se reúnem com os outros 10 vereadores ainda governistas.
Garotinho, que pretende reeleger Edson Batista (PTB) a presidente da Câmara, ou
alterná-lo no posto com Paulo Hirano (PR), cobrou ao final da reunião de ontem
que os dissidentes escolham um dos três nomes que apresentaram para presidir o
legislativo, impondo a condição de que não haja ninguém da oposição na mesa
diretora.
O
tempo e a hipocrisia
Enfraquecido
politicamente, com uma Prefeitura inexplicavelmente quebrada, apesar do seu
orçamento de R$ 2,5 bilhões, mas ainda bom enxadrista, Garotinho ganhou o tempo
necessário para negociar separadamente com cada um dos 11 e tentar enfraquecer
o grupo. O primeiro alvo (e mais fácil) é Miguelito. Se o Brasil revelado nas
urnas do último domingo se mostrou dividido como “nunca antes na História deste
país”, em Campos as coisas parecem não ser diferentes. Diante dos métodos muito
semelhantes de se governar, a mudança fica na conta da hipocrisia de quem apoia
uma prática em Brasília e condena os males da sua clonagem só na própria terra.
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