John MacArhtur
John MacArhtur, autor
de mais de 150 livros e conferencista internacional, é pastor da Grace Comunity
Church, em Sum Valley, Califórnia, desde 1969; é presidente do Master’s College
and Seminary e do ministério “Grace to You”; John e sua esposa Patrícia têm
quatro filhos e quatorze netos.
Introdução
Efésios 1.3-14 é um
hino de adoração proveniente do coração do apóstolo Paulo. Não é um argumento
teológico monótono, e sim o transbordar de sentimentos ardentes do coração
agradecido do apóstolo. No grego, esta passagem constitui uma grande sentença.
O Espírito de Deus inspirou o apóstolo Paulo a proferir esta profusa adoração
ao Deus que o havia salvado.
a. A passagem
“Bendito o Deus e Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção
espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele,
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele; e
em amor nos predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus
Cristo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor da glória de sua
graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado, no qual temos a redenção,
pelo seu sangue, a remissão dos pecados, segundo a riqueza da sua graça, que
Deus derramou abundantemente sobre nós em toda a sabedoria e prudência,
desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que
propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude dos
tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra; nele, digo, no qual
fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz
todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor
da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo; em quem também vós,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo
nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o
penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua
glória.”
b. As pessoas
1. O Pai
Governando estes
versículos, encontra-se a idéia de que Deus realizou a salvação por sua própria
vontade, propósito e desígnio. A salvação não resulta da vontade ou do mérito
de uma pessoa. A salvação não é obtida por meio de sacrifícios religiosos ou de
boas intenções. O crédito da salvação pertence apenas a Deus, e somente Ele
pode ser louvado e glorificado.
2. O Filho
A salvação é a obra de
Deus mediada por Cristo. A salvação tanto se realiza em Cristo como por meio
dEle . A salvação se encontra no Amado, que é Cristo. Foi proposta nEle. Enquanto
a salvação é uma obra exclusiva do Pai, ela se realiza por intermédio de
Cristo.
3. O Espírito
A salvação é selada
pelo Espírito Santo (v. 13). Ele é o Espírito Santo da promessa, que nos foi
dado como penhor de nossa herança — a garantia de nossa completa e futura
redenção como propriedade de Deus mesmo. Deus, o Pai, Deus, o Filho, e Deus, o
Espírito Santo, recebem todo o crédito da salvação.
Ensinos
I. Deus nos escolheu
“Bendito o Deus e Pai
de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte de bênção
espiritual nas regiões celestiais em Cristo, assim como nos escolheu, nele,
antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante ele.”
a. A afirmação do apóstolo
Paulo inicia esta
passagem afirmando que Deus recebe todo o louvor na salvação. O verbo traduzido
“escolheu” (no grego, eklegomai) foi empregado na forma reflexiva, significando
“selecionar para si mesmo”. Isso significa que a ação do verbo retorna à pessoa
que a pratica. Paulo estava dizendo que Deus nos escolheu tendo em vista o seu
próprio interesse — para Si mesmo, pessoalmente. A escolha divina foi realizada
antes que o mundo existisse.
b. A confirmação das Escrituras
A Bíblia afirma a
verdade da escolha redentora feita por Deus.
1) Mateus 25.34 - Jesus disse: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na
posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo”. O Senhor
planejou tanto o reino quanto os habitantes do reino, antes que o mundo
começasse a existir. Você e eu somos salvos e conhecemos o Senhor Jesus por que
Deus nos escolheu.
2) Lucas 12.32 - Jesus disse a seus discípulos: “Não temais, ó
pequenino rebanho, porque vosso Pai se agradou em dar-vos o seu reino”.
3) João 6.44 - Jesus proclamou para uma grande multidão: “Ninguém pode vir a mim, se
o Pai, que me enviou, não o trouxer [compelir]”.
4) João 15.16 - Jesus disse a seus discípulos: “Não fostes vós que
me escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos
designei para que vades e deis fruto”. Nós não escolhemos a Jesus; Ele nos
escolheu. Não decidimos por Cristo no mais verdadeiro sentido — Ele decidiu por
nós.
5) Atos 9.15 - O Senhor disse a respeito do apóstolo Paulo: “Este é para mim um
instrumento escolhido”.
A conversão de Paulo
aconteceu abruptamente — ele estava a caminho de Damasco para perseguir os
crentes. Mas ele foi convertido, transformado e chamado para ser um apóstolo,
porque Deus o escolhera antes da fundação do mundo.
6) Atos 13.48 - afirma sobre aquelas pessoas que ouviram a pregação
de Paulo e Barnabé: “Creram todos os que haviam sido destinados para a vida
eterna”. Deus outorga o dom da fé somente para aqueles que estão predestinados
por meio da escolha dEle mesmo.
7) 2 Tessalonicenses 2.13 - “Devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos
amados pelo Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a salvação”.
Paulo não deu graças porque os crentes de Tessalônica haviam decidido se tornar
pessoas salvas. Eles não eram muitíssimo inteligentes, espertos, espirituais,
perspicazes e, por isso, escolheram a Deus; pelo contrário, Deus os escolheu
desde o princípio. A salvação exige que tenhamos fé, mas a fé é o resultado da
escolha de Deus.
8) 2 Timóteo 1.8,9 - “Deus... nos salvou e nos chamou com santa vocação;
não segundo as nossas obras, mas conforme a sua própria determinação e graça
que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos”.
9) 1 Pedro 1.2 - afirma que os crentes são “eleitos, segundo a presciência
de Deus Pai, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do
sangue de Jesus Cristo”.
10) Apocalipse 13.8; 20.15 - infere que os nomes dos crentes foram escritos no
Livro da Vida do Cordeiro antes da fundação do mundo.
c. A confirmação da teologia
Somente Deus pode
receber o crédito por nossa salvação. A doutrina da eleição é a mais humilhante
de todas as doutrinas ensinadas nas Escrituras. Deus escolheu um povo para
torná-lo santo, a fim de que estejam com Ele para sempre. A nossa fé vem de
Deus. Um poeta anônimo apresentou esta verdade nas seguintes palavras do hino Vida Interior: “Eu procurava o Senhor e descobri que Ele, buscando-me, inclinou minha
alma a procurá-Lo. Não fui eu quem Te encontrou, ó verdadeiro Salvador; não, eu
fui encontrado por Ti”.
II. Deus nos predestinou (v. 5)
“Em amor nos
predestinou para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo,
segundo o beneplácito de sua vontade.”
a. A afirmação do apóstolo
Por meio da escolha
divina previamente determinada, fomos predestinados para a adoção como filhos
de Deus. Realmente somos filhos de Deus.
b. A confirmação das Escrituras
1) João 1.12 - “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de
serem feitos filhos de Deus”.
2) Romanos 8.15 - “Recebestes o espírito de adoção, baseados no qual
clamamos: Aba, Pai”.
3) Gálatas 3.26 - “Todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo
Jesus”.
4) Gálatas 4.6-7 - “Porque vós sois filhos, enviou Deus ao nosso coração
o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que já não és escravo,
porém filho; e, sendo filho, também herdeiro por Deus”.
5) 1 João 3.1 - “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto
de sermos chamados filhos de Deus”.
c. A confirmação da teologia
A escolha
predeterminada de Deus não dependeu do que Ele viu em nós. Ele a fez “segundo o
beneplácito de sua vontade” (v.5). Deus não nos escolheu porque Ele tinha de
fazer isso, e sim porque Ele quis — trouxe-Lhe prazer. Deus mesmo disse: “O meu
conselho permanecerá de pé, farei toda a minha vontade” (Is 46.10).
III. Deus nos concedeu sua
graça (v. 6)
“Para louvor da glória
de sua graça, que ele nos concedeu gratuitamente no Amado.”
a. A afirmação do apóstolo
A escolha de Deus e a
nossa predestinação se tornaram uma realidade em nossas vidas por intermédio da
graça de Deus. Graça significa favor imerecido, bênção pela qual não
trabalhamos, bondade não resultante de méritos. Somos salvos pela graça de
Deus.
b. A confirmação das Escrituras
1) Efésios 2.8-9 - “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem
de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie”. A graça de
Deus não admite qualquer mérito da parte do homem.
2) Atos 15.11 - “Cremos que fomos salvos pela graça do Senhor Jesus”.
3) Atos 18.27 - “Tendo [Apolo] chegado, auxiliou muito aqueles que,
mediante a graça, haviam crido”.
4) Romanos 3.24 - Somos “justificados gratuitamente, por sua graça”.
c. A confirmação da teologia
A expressão, no
versículo 6, pode ser traduzida literalmente por “mediante a graça temos sido
agraciados”. Deus nos concedeu graça em Cristo, o Amado, trazendo à realidade a
sua escolha e predestinação por nos tornar seus filhos.
IV. Deus nos redimiu (v.
7a)
“No qual temos a
redenção, pelo seu sangue.”
a. A afirmação do apóstolo
Paulo
1) Do que Deus nos redimiu?
Deus nos resgatou da
escravidão ao pecado, à morte, ao inferno, a Satanás, aos demônios, à carne
pecaminosa e ao mundo. Não tendo qualquer dignidade e esperança, com nossa
mente em trevas e coração inclinado para o mal, éramos escravos miseráveis;
apesar disso, Deus veio ao nosso encontro e nos comprou da escravidão. Fomos
comprados porque fomos predestinados; predestinados, porque fomos escolhidos;
escolhidos, porque fomos amados; e amados, porque o beneplácito de Deus assim o
quis.
2) Por meio do quê?
Romanos 6.23 declara:
“O salário do pecado é a morte”. Cristo nos redimiu por meio do derramamento de
seu sangue. Esse não foi um preço fácil de ser pago. Ele teve de assumir a
forma humana, vir ao mundo e morrer na cruz, vertendo seu sangue em sacrifício
por nós. O sangue de Cristo é realmente precioso.
b. A confirmação das Escrituras
1) 1 Pedro 1.18-19 - “Não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou
ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos
legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o
sangue de Cristo”.
2) Apocalipse 5.9 - diz a respeito de Cristo: “Digno és de tomar o livro e
de abrir-lhe os selos, porque foste morto e com o teu sangue compraste para
Deus os que procedem de toda tribo, língua, povo e nação”.
V. Deus nos perdoou (v.
7b, 8a)
“A remissão dos
pecados, segundo a riqueza da sua graça, que Deus derramou abundantemente sobre
nós.”
a. A afirmação do apóstolo
Deus não somente nos
resgatou, mas também perdoou os nossos pecados — passados, presentes e futuros.
b. A confirmação das Escrituras
1) Mateus 26.28 - Jesus disse: “Isto é o meu sangue, o sangue da
[nova] aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados”. Quando
Deus perdoa (no grego, aphiemi,
“mandar embora para nunca mais retornar”), Ele remove os nossos pecados para
tão distante quanto o Oriente está do Ocidente (Sl 103.12), lança-os nas
profundezas do mar (Mq 7.19) e nunca mais se lembra deles (Is 43.25).
2) Miquéias 7.18 - “Quem, ó Deus, é semelhante a ti, que perdoas a
iniqüidade e te esqueces da transgressão do restante da tua herança?”
3) Romanos 8.1 - “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que
estão em Cristo Jesus”.
4) Efésios 4.32 - “Sede uns para com os outros benignos, compassivos,
perdoando-vos uns aos outros, como também Deus, em Cristo, vos perdoou”.
5) Colossenses 2.13 - “E a vós outros, que estáveis mortos pelas vossas
transgressões e pela incircuncisão da vossa carne, vos deu vida juntamente com
ele, perdoando todos os nossos delitos”.
6) 1 João 2.12 - O apóstolo João disse: “Filhinhos, eu vos escrevo,
porque os vossos pecados são perdoados, por causa do seu nome”.
c. A confirmação da teologia
O perdão de Deus foi
derramado abundantemente sobre nós por meio das riquezas de sua graça. O perdão
exigiu abundância de graça porque tínhamos muitos pecados. A parábola do credor
incompassivo (Mt 18.21-35) afirma que temos uma dívida impagável e
indescritível. Devemos nossa salvação ao Deus que desejou nos ter como sua
propriedade peculiar. Somos perdoados independentemente de nossa indignidade.
VI. Deus nos iluminou (vv.
8b-10)
“Em toda a sabedoria e
prudência, desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito
que propusera em Cristo, de fazer convergir nele, na dispensação da plenitude
dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu como as da terra.”
a. A afirmação do apóstolo
Quando somos salvos,
somos também iluminados. Deus nos apresenta um retrato de como todas as coisas,
do céu e da terra, serão colocadas em sujeição a Cristo, para o seu louvor. Ele
nos iluminou com sabedoria nas coisas eternas e com prudência nas coisas
terrenas.
b. A confirmação das Escrituras
1) 1 Coríntios 2. 12 - “Não temos recebido o espírito do mundo, e sim o Espírito que vem de Deus, para que
conheçamos o que por Deus nos foi dado gratuitamente”.
2) 1 Coríntios 2.16 - “Quem conheceu a mente do Senhor, que o possa
instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo”.
3) 2 Coríntios 4.3-4 - “Se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os
que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o
entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho
da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus”.
4) 1 João 2.27 - “A unção que dele recebestes permanece em vós, e não
tendes necessidade de que alguém vos ensine”.
c. A confirmação da teologia
Deus nos iluminou
porque Ele mesmo o quis. Se não fosse por causa de seu beneplácito,
permanece-ríamos nas trevas, incapazes de participar do seu plano.
VII. Deus nos prometeu (vv.
11-12)
“Nele, digo, no qual
fomos também feitos herança, predestinados segundo o propósito daquele que faz
todas as coisas conforme o conselho da sua vontade, a fim de sermos para louvor
da sua glória, nós, os que de antemão esperamos em Cristo.”
a. A afirmação do apóstolo
Deus nos predestinou
para sermos seus filhos, e seus filhos receberão a herança dEle.
b. A confirmação das Escrituras
1) Romanos 8.18 - “Os sofrimentos do tempo presente não podem ser
comparados com a glória a ser revelada em nós”.
2) 1 João 3.2 - “Ainda não se manifestou o que haveremos de ser.
Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque
haveremos de vê-lo como ele é”.
3) 1 Pedro 1.4 - O apóstolo Pedro afirmou que temos “uma herança
incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus”.
4) 2 Coríntios 1.20 - “Porque quantas são as promessas de Deus, tantas têm
nele o sim”.
c. A confirmação da teologia
Todas as promessas de
Deus — paz, amor, sabedoria, vida eterna, alegria e vitória — são nossas de
acordo com a promessa de Deus. Elas nos foram asseguradas não por direito, e
sim pela graça de Deus. Ele recebe toda a glória.
VIII. Deus nos selou (vv. 13-14)
“Em quem também vós,
depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, tendo
nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o
penhor da nossa herança, até ao resgate da sua propriedade, em louvor da sua
glória.”
a. A afirmação do apóstolo
Ele declarou que nossa
herança está assegurada porque Deus nos selou.
b. A confirmação da teologia
Selar, nos tempos
antigos, era um sinal de possessão, segurança, autenticidade e término de uma
transação. A habitação do Espírito Santo nos crentes significa que eles são
possuídos, seguros, autenticados e completos por Deus. Esperamos pela redenção
completa e somos habitados pelo Espírito como um selo e garantia da nossa
herança (Rm 8.23-24).
Conclusão
Somente Deus merece o
crédito por nossa salvação. Ele nos salva por sua própria e espontânea vontade;
todavia, de nosso ponto de vista, precisamos fazer duas coisas: a) esperar em
Cristo (v. 12); b) crer nEle (v. 13). Isso também acontece para o louvor e
glória de Deus mesmo (v. 12). Ele nos dá o poder para esperarmos em Cristo.
Nossa fé vem de Deus (Ef 2.8-9). Ele abre nossos ouvidos para atendermos à
mensagem da verdade e nos capacita a crer. Todo o processo de salvação é
realizado pelo Espírito Santo; sem Ele, ninguém poderia esperar ou crer em
Cristo.
Jesus disse que todos
os que não crêem no Filho de Deus estão condenados (Jo 3.18). Deus, em sua
graça soberana, decidiu salvar aqueles que Ele mesmo amou (Rm 9.8-13). Tais
pessoas são resgatadas da correnteza de homens e mulheres sem esperança que
flui em direção ao inferno. Essa é uma verdade humilhante e deve resultar em
imensa gratidão de nossa parte. Por que Deus nos escolheu e não outras pessoas?
Ele não o fez porque merecíamos a salvação, e sim para demonstrar “as riquezas
da sua glória” (Rm 9.14-23). Portanto, nossa única reação tem de ser: “Bendito
o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos tem abençoado com toda sorte
de bênção espiritual nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1.3).
Ponderando os princípios
1) A nossa época
proclama altissonantemente a auto-importância do homem. Os comerciais nos dizem
que merecemos uma folga, um carro melhor, comida melhor, roupas melhores —
merecemos mais da “boa vida”. Os problemas da humanidade freqüentemente são
diagnosticados como falta de auto-estima. No entanto, a Bíblia diz que “todos
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um
sequer” (Rm 3.12). Ao invés de afirmar a boa estimativa que o homem faz de si
mesmo, as Escrituras colocam as seguintes palavras na boca dos que têm
discernimento: “Todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como
trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades,
como um vento, nos arrebatam” (Is 64.6). Para que Deus seja corretamente
honrado e glorificado, todo crente tem de compreender que a salvação é uma obra
exclusiva da graça divina.
2) A obra de Deus na
salvação tanto reflete a natureza de Deus quanto a natureza do homem. Quando o
apóstolo João escreveu: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto
de sermos chamados filhos de Deus” (1 Jo 3.1), ele estava fazendo um comentário
sobre o grande amor de Deus e sobre a corrupção do homem. Thomas Watson
escreveu: “Para que você seja uma pessoa agradecida, Deus o chamou exatamente
quando você O ofendia; Ele o chamou sem precisar de você e mesmo tendo milhares
de santos glorificados e de anjos a adorá-Lo. Pense naquilo que você era antes
de ter sido chamado por Deus” (A
Body of Divinity). A doutrina da
eleição soberana, entendida corretamente, produz gratidão profunda para com
Deus nos corações dos crentes.
De que maneira isso
tem afetado a sua vida?
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