O paradoxo (ou a ambiguidade) humano faz da democracia a melhor forma de governo jamais desenvolvida, pois, idealmente, a democracia reconhece tanto a dignidade como a depravação do ser humano.
Por um lado, ela reconhece nossa dignidade humana, pois se recusa a impor as pessoas que nos governarão sem o nosso consentimento. Ela nos deixa participar do processo de tomada de decisão. Ela nos trata com respeito, como adultos responsáveis.
Por outro lado, a democracia reconhece também a nossa depravação humana, quando se recusa a concentrar poder nas mãos de poucos, uma vez que isso não é seguro. Assim, faz parte da essência da democracia dividir o poder e proteger os governantes de si mesmos. Como Reinhold Niebuhr afirma, “a capacidade do homem para praticar a justiça torna a democracia possível; mas a inclinação do homem para a injustiça torna a democracia necessária”.1
John Stott. Por Que Sou Cristão, p 84.
Nota:1. NIEBUHR, Reinhold. The Children of Light and the Children of Darkness; A Vindication of Democracy and a Critique of its Traditional Defenders. Nisbet, 1945. p. vi.
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