A Igreja
Brasileira, solidamente representada no XV Encontro para a Consciência Cristã,
realizado em Campina Grande de 6 a 12 de fevereiro de 2013, incumbiu-se de
avaliar a situação do movimento evangélico em nossa nação, à luz da convocação
que o apóstolo Paulo fez aos crentes em Roma, para a prática da teologia que
ensinou nos onze primeiros capítulos da carta que lhes escreveu: “Portanto,
irmãos, rogo pelas misericórdias de Deus que se ofereçam em sacrifício vivo,
santo e agradável a Deus; este é o culto racional de vocês. Não se
amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente,
para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus.”
Vivemos
tempos de grande inquietude para aqueles que decidiram conhecer, praticar e
ensinar as Escrituras como a Palavra de Deus. Por todo lado se ouve de
heresias, mundanismo, desvio e promiscuidade com toda sorte de ideias de
homens: por fraqueza e ignorância, por conveniência e prazer, por ganância e apostasia.
Os lobos passeiam livremente pelo meio do rebanho e dilaceram as ovelhas e o
dano que fazem nos horroriza; não podemos observá-lo passivamente. Exortamos e
animamos a igreja a tomar-se de um inconformismo santo que a impulsione à
mudança. Nós chamamos a Noiva a encher-se de um descontentamento que a
leve à transformação no íntimo, cremos que somente assim experimentaremos as
coisas boas e desejáveis que Deus quer para nós.
Não vos conformeis com a amargura
A
felicidade exaustivamente propagandeada nos comerciais de televisão é fugidia.
De fato, vivemos em um mundo cada vez mais infeliz, amargurado, cheio de
angústias, desespero e perplexidade. A infelicidade serve apenas aos mercadores
de sonhos e envolve as pessoas em uma inútil e ansiosa corrida. Nesse cenário a
depressão é uma pandemia que afeta a Igreja tanto quanto o mundo e enfraquece a
motivação para a transformação e para o serviço. Sabemos que a alegria do
Senhor é a nossa força, mas nossa alegria é roubada todos os dias: a) pelas
circunstâncias, quando não conhecemos a grandeza de Deus; b) pelas pessoas,
quando não exercemos o perdão; c) pelo dinheiro, quando amamos as coisas
materiais; d) pela preocupação quando nos falta fé. Deixemos de lado essa
tristeza mundana e abracemos a alegria no Senhor nosso Deus.
Não vos conformeis com a soberba
A
arrogância do ser humano chega a tal ponto que ele se achou dono da verdade,
cada um de sua própria e particular verdade. As pessoas tornaram-se tão
evidentes aos próprios olhos que não podem mais enxergar o próximo e são
incapazes de ver Deus. A Igreja tem sido afetada por esse orgulho, por essa
vaidade, e sofrido as mesmas consequências que em Babel: Como Igreja, estamos
separados, divididos, não nos entendemos e não servimos a Deus, porque estamos
cultuando mais a homens e aos desejos da carne, porque estamos construindo para
nossa própria glória, achando que podemos atingir o céu por nossos próprios
méritos. Deus, em sua graça insuperável, poderia nos lembrar de que somos pó,
mas temos fugido disso: a) quando rejeitamos o sofrimento; b) quando
desprezamos o autocontrole; c) quando valorizamos nossos próprios desejos; d)
quando ignoramos os planos de Deus para nós. Venha Igreja! Gloriemo-nos em
nossas fraquezas, pois quando estamos fracos é que somos fortes.
Não vos conformeis com o pecado
Ló,
separando-se de Abrão, escolhendo as campinas verdejantes, tão aprazíveis que
se pareciam com o Jardim do Senhor, ficando cada vez mais perto de Sodoma e
Gomorra e finalmente perdendo tudo, é um modelo do que acontece com a Igreja e
com os crentes hoje. A cobiça dos olhos tem atraído, seduzido, gerado pecado e
morte. A ganância pelas coisas materiais, pelo sucesso a todo custo, a busca
insana pela aceitação do mundo e pela fama têm sido tão envolventes e ilusórias
que os crentes se aproximam do pecado achando que estão encontrando a bênção de
Deus. O pecado se torna aceitável e tão comum que às vezes parece obrigatório.
Nesses dias chamamos a Igreja para reagir, nós a conclamamos a: a) odiar o
pecado como Deus o odeia; b) fugir do pecado como Deus ordenou; c) buscar a
santidade como Deus é santo; d) denunciar o pecado falando o que Deus diz sobre
ele. Confiados de que temos recebido na graça os recursos para uma vida em
santidade, chamamos os crentes a serem amigos de Deus, porque os amigos do
mundo são inimigos de Deus.
Não vos conformeis com a igreja
Quando as
igrejas estão se conformando com o mundo, não podemos nos conformar com elas. A
Igreja sempre lutou contra heresias: Os judaizantes e os gnósticos no primeiro
século, os ataques à humanidade ou à divindade de Cristo, a mercantilização da
salvação na Idade Média, a negação da Verdade na modernidade, a contaminação da
verdade na pós-modernidade. A diferença é que hoje a crise que a Igreja
enfrenta é eclesial. As pessoas percebem que as igrejas têm se desviado do
plano de Deus e, com isso, as abandonam e menosprezam. O inconformismo que a
Palavra de Deus exige de nós nada tem a ver com essa atitude de descompromisso.
A Igreja é uma instituição divina e se expressa institucionalmente. Somos
chamados a enfrentar o mundanismo e o pecado dentro dela, não pelo abandono,
mas lutando para que seja a Igreja que Cristo quer: a) igreja com a missão de
Cristo; b) igreja com a confissão de Cristo; c) igreja com a revelação de
Cristo; d) igreja com a autoridade de Cristo. Não nos conformemos! Há esperança
para a Igreja do século XXI, pois é Deus quem estabelece a revelação que a
mantém. Portanto, trabalhemos por uma igreja que cumpra o propósito dado pelo
Senhor segundo os recursos que Ele mesmo provê.
Não vos conformeis com o culto
O culto
que oferecemos a Deus nesse mundo tem sido marcado pela alienação e pelo
simplismo. As pessoas nos conhecem mais por nossas obrigações do que por nossas
motivações, mais por nossos costumes do que por nosso pensamento. Nossa
adoração a Deus não tem produzido os resultados que Deus espera de nós, em
nossas vidas ou nas vidas daqueles que nos observam. Mas Deus nos chama para um
culto em que nos ofereçamos continuamente em santidade ao Senhor, de modo que
isso seja primeiro agradável a Ele e, assim, se torne agradável a nós. Esse
culto que devemos oferecer a Deus deve ser: a) fundamentado em sólido
conhecimento das Escrituras; b) caracterizado pelo dar de nós mesmos; c)
distinguido pela renovação de nossa mente; d) resultante na experimentação da
vontade de Deus. Não nos conformemos com um culto que não seja aceitável a
Deus. Seja o nosso culto um sinal da presença de Deus para todos os homens, um
testemunho incontestável da graça salvadora de Jesus. Ofereçamos a Ele um culto
que o agrade verdadeiramente e comecemos isso, como Paulo, pelo ensino da sã
doutrina.
Não vos conformeis com o silêncio
A Igreja
foi chamada para comunicar o Evangelho e ensinada por Cristo a fazê-lo na
pregação, no ensino, no testemunho e na representação. Como crentes em Cristo
não podemos nos calar a qualquer pretexto ou em qualquer situação. Devemos
obedecer a Deus primeiro, não aos homens, e responder a quem quer que questione
a esperança que recebemos em Cristo. Mas a Igreja tem se calado nas escolas e
universidades, nos locais de trabalho e nos lugares públicos, com os amigos e
os vizinhos, às vezes com a própria família. Os crentes têm emudecido por causa
das leis, para não perder os amigos ou clientes, para não perder o status ou o
emprego, temendo multas e prisão. A Igreja tem sido afrontada com mentiras e
calúnias, ameaçada e desprezada, e não tem sido capaz de responder, porque teme
coisa que acha pior. Nesse cenário somos chamados a: a) não ter medo como as
pessoas do mundo; b) não ficarmos alarmados diante da perseguição; c) termos
Cristo como único Senhor, único dono de nossa vida; d) nos prepararmos para
responder a qualquer pessoa que questione a esperança que temos em Cristo.
Rompamos o silêncio e anunciemos o Evangelho, respondamos a qualquer pessoa e
em qualquer situação, a tempo e fora de tempo!
Não vos conformeis com a morte
Muitos
líderes têm deixado uma lacuna de integridade, um vazio de direção, uma
ausência de paz no meio da Igreja. Nosso povo, muitas vezes, está perplexo,
confuso, inseguro e isso causa temor e angústia acerca do futuro da Igreja.
Essa era a situação de Israel no início do livro de Isaías. O inimigo estava às
portas, o pecado consumia o povo e o rei morreu deixando um trono vago. Nessa
situação o profeta teve uma visão que a Igreja Brasileira também precisa ter:
a) uma visão da soberania de Deus; b) uma visão da santidade de Deus; c) uma
visão da miséria humana; d) uma visão dos meios para a salvação. Depois dessa
visão Isaías pode ser comissionado para o ministério que denuncia o pecado e
que anuncia a restauração. Diante dos problemas e dificuldades que enfrentamos
na Igreja nesses dias, não podemos nos conformar com a mesmice, não podemos nos
entregar à estagnação, não podemos nos conformar com uma igreja morta. Deus
reina soberano, Ele é santo, Ele ama a nós pecadores e proveu meios para
nos salvar, portanto, apresentemo-nos para a missão que Ele anuncia. A
revelação dessas coisas deve ser continuamente enfatizada aos crentes, até que,
inconformados, clamem contra o pecado e celebrem a alegria da salvação.
Aos
trinta dias do encerramento do 15° Encontro para a Consciência Cristã, em 12 de
março de 2013, nós reafirmamos, juntos, que não nos conformamos com a
estagnação da presente era, antes buscamos mudança pela renovação de nossa
mente.
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