Os governos federal e de São Paulo
parecem ter acertado o passo para enfrentar a onda de violência no estado,
estimulada por uma facção criminosa e agravada pela tíbia reação do poder
público — esta, como resultado, entre outras razões, dos desentendimentos entre
o Planalto e o Palácio dos Bandeirantes na formulação de um programa de ação
contra o banditismo.
Um pacote de segurança, que prevê o
trabalho conjunto entre forças estaduais e da União, foi fechado em meio a
emblemáticos indicadores. Horas antes e depois de o ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, se reunir com o governador Geraldo Alckmin, terça-feira, novos
assassinatos foram registrados na capital, numa escalada que contabiliza a
morte de 90 policiais desde o início do ano, entre outros atos de terrorismo.
Espera-se, agora, que o combate ao
crime no estado, e em especial na região metropolitana da capital, esteja
depurado do viés político que desoxigenava ações contra os criminosos. A
disputa partidária não pode contaminar uma área estratégica como a segurança
pública. O pacote anunciado pode dar respostas concretas a demandas da área de
segurança do estado.
A criação de uma agência de
inteligência conjunta é crucial para asfixiar financeiramente a facção
criminosa e municiar os órgãos operacionais com informações que os ajudem em
investidas policiais.
Também deverá ter impacto positivo na
guerra contra a onda de violência a transferência dos principais chefes da
quadrilha para presídios federais localizados fora do estado.
Esta medida, reclamada por
especialistas, é essencial para quebrar a cadeia de comando de um grupo
fortemente organizado dentro das penitenciárias paulistas.
A integração de forças estaduais e
federais obedece ao princípio aplicado com sucesso no Rio de Janeiro, onde a
fórmula quebrou a espinha do crime organizado.
Exemplo disso foi a ocupação do
Complexo do Alemão, após um período em que as quadrilhas tentaram — assim como
fazem em São Paulo — emparedar as autoridades com atos terroristas que
assustaram a sociedade.
A diferença entre os dois estados é
de método: no Rio, havia o domínio territorial de favelas pelas quadrilhas; em
São Paulo, como evidenciam iniciativas previstas no pacote, as forças da lei
atuarão numa frente multifacetada de “negócios” criminosos, uma característica
do crime local.
Outra razão da imperiosidade de a
União participar do condomínio de órgãos contra a violência é que, apesar de o
combate ao crime estar centrado em organismos estaduais, Brasília tem
responsabilidade na elaboração de uma política nacional de segurança.
Neste sentido, é injustificável que
em 2011 o Planalto tenha reduzido os investimentos nessa rubrica.
O governo paulista, por sua vez,
precisa localizar em que ponto perdeu o controle dos indicadores de violência.
As intenções anunciadas terça-feira
são positivas, mas é preciso garantir que as ações sejam efetivamente
implementadas. E sem contaminações políticas.
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