Por - Rev. Ericson Martins
Considerando este período de eleições, esta reflexão pretende destacar a
ética como princípio regulador dos candidatos à cargos públicos, bem como dos
eleitores que por estes são representados pelo voto democrático.
O povo brasileiro, de certo modo, está acostumado com escândalos na
política, escândalos estes causados pelo ferimento da ética, visto que por
muitas vezes o “errado” se torna “certo”. Em razão disto, corrupções na
política são corriqueiras e as pessoas já não confiam nos projetos e intenções
daqueles que buscam representá-las nos fóruns da gestão pública. Grande parte
destes que chegam ao poder, sentem-se acima da própria lei como se ela jamais
pudesse julgá-los. Isto acontece porque a ética é identificada como étnica; ou
seja, os princípios morais são negociados por determinados grupos, e não leis
universais e supremas. Esta interpretação relativiza a moralidade, razão porque
muitos políticos praticam a corrupção com a lúcida certeza que estão fazendo o
que é “certo”, uma vez que é costume a determinados grupos ou partidos. Este
conceito de ética política possui diversos conflitos se observada a Lei de
Deus:
1. O costume não determina a ética... (Daniel 1:5-15). Porque grande parte dos políticos
corrompe a límpida ética moral, não significa que os demais também devem
corromper. Daniel estava em contexto de impurezas religiosas, porém decidiu não
contaminar-se pelas comidas preparadas sem os princípios religiosos de Israel,
pois teria que comer carnes declaradas imundas, possivelmente associadas com
rituais pagãos. Ele, portanto, resolveu “firmemente” não contaminar-se. Para
ele a ética não era conceituada pela etnia ou pelo costume de um determinado
grupo. E sim, uma lei suprema às leis criadas pelas conveniências do poder
público e interesses dos seus corruptores. A decisão “firme” e arriscada (v.10)
de Daniel foi recompensada por Deus em virtude da ética suspensa pela vontade
divina (v.9). O compromisso com a vontade de Deus era mais importante que
qualquer aceitação pública ou privilégios do poder (vv.3-4).
2. ...nem o clamor público cristão (1 Samuel 8:1-9, 15:11). Crentes seriamente
comprometidos com a vontade de Deus não necessitam de cargos públicos para
transformarem a sociedade; porém, é necessário representantes assim
comprometidos nas instâncias do poder para alçarem voz contra as injustiças e
opressões, em defesa dos direitos da sociedade. É a vontade de Deus que haja
pessoas dispostas a servi-Lo também na esfera política. A partir de tal
argumento, o percurso reflexivo que aqui proponho implica perguntar: Eleger
candidatos crentes significa resgatar a confiança moral das instituições
políticas? Certamente não! Nem sempre crentes puros se mantêm puros no meio
político, em razão de acordos fraudulentos e avidez pelos privilégios por eles aceitos.
Nota-se, portanto, que o clamor público por uma política justa nem sempre é
garantida por candidatos crentes.
A eleição é um processo democrático que se baseia no direito da
liberdade pessoal, de acordo com seus mais íntimos princípios. Portanto, sem
derivar da responsabilidade do voto, ele deve ser antes de tudo uma afirmação
da consciência na Palavra de Deus como determinante da ética, e critério de
escolha. É preciso também avaliar os candidatos de acordo com a competência
para gestão pública, nem sempre definida por aqueles que se declaram cristãos.
Procure conhecer os candidatos por trás das incontáveis promessas de campanha
eleitoral e não se permita, pelo dever público, votar sem tais considerações.
_______________
- Sobre o autor: Rev. Ericson Martins é pastor da Primeira
Igreja Presbiteriana de Goiânia,casado com Andréa Liberato, pai de Joshua e
Eric. Autor do blog Reflexões e Cotidiano.
Contatos: contato@brmail.info
Nenhum comentário:
Postar um comentário