Dilma e Raul Castro |
Saudada aos primeiros acordes por
ser discreta e não falar demais, a presidente Dilma Rousseff tem se
notabilizado por falar de menos. Sobre assuntos importantes, notadamente se
relativos à política e às relações com o Congresso, quem fala é a assessoria, ministros
sob condição do anonimato e todo conjunto de vozes que compõem a entidade
"Palácio do Planalto".
Dilma Rousseff mesmo, raramente
diz o que pensa. Para ela, resta a vantagem de poder mudar de posição no meio
do caminho atribuindo a outrem a divulgação de intenções que nunca teriam sido
suas. A reforma ministerial é o exemplo presente, embora haja outros.
Não é o caso, entretanto, do tema
Direitos Humanos. Sobre ele, Dilma sempre foi peremptória. Como na entrevista
que deu ao jornal americano Washington Post logo depois de eleita: "Por
ter experimentado a condição de presa política, tenho um compromisso histórico
com todos aqueles que foram ou são prisioneiros somente por expressarem suas
visões, suas opiniões".
E para que não se dissesse que a
posição seria seletiva, já presidente, disse ao Valor Econômico: "Um País
democrático ocidental como o nosso tem que ser um País com perfeita consciência
da questão dos Direitos Humanos. E isso vale para todos. Se não concordo com o
apedrejamento de mulheres, não posso concordar com gente presa a vida inteira
sem julgamento (na base de Guantánamo). Isso vale para o Irã, vale para os
Estados Unidos e vale para o Brasil".
Só não vale, pelo visto, para
Cuba, onde a presidente não aceitou se encontrar com dissidentes porque,
segundo o chanceler Antonio Patriota, não se trata de uma questão prioritária
para aquele país.
ssim como não era para o governo
do Brasil quando Dilma e tantos outros combatiam a ditadura e chefes de Estado
(Jimmy Carter, dos EUA, por exemplo) intercederam, compreendendo o quanto era
prioritária a questão dos Direitos Humanos para a dignidade da nação.
A declaração da presidente, em
Havana, sobre a responsabilidade multilateral e a impossibilidade de se
"atirar a primeira pedra" é mera tergiversação. Sugere a existência
de ditaduras amigas e ditaduras inimigas.
Uma maneira de generalizar o tema
para se desviar do caso específico, cujo significado é um só: o governo
brasileiro põe suas relações fraternais com a ditadura Castro, e todo o simbolismo
que tenham para a esquerda do PT, acima do direito universal à liberdade.
E também acima daquele
"compromisso histórico com todos aqueles que foram ou são prisioneiros
somente por expressarem suas opiniões", com o qual Dilma empenhou a
palavra.
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