Como
faltam informações, então tomem letras garrafais: “Forças Armadas vão
investigar torturas em centros militares” — e variantes disso. Mais ou menos.
As Três Forças decidiram abrir sindicância para a eventual coleta de dados que
confirmem práticas irregulares em sete dependências militares, a saber:
-
Destacamento de Operações de Informações do I Exército (DOI/I Ex);
- 1ª
Companhia de Polícia do Exército da Vila Militar;
-
Base Naval da Ilha das Flores;
-
Base Aérea do Galeão;
Em
São Paulo:
-
Destacamento de Operações de Informações do II Exército (DOI/II Ex);
No
Recife:
-
Destacamento de Operações de Informações do IV Exército (DOI/IV Ex);
Em
Belo Horizonte:
-Quartel
do 12º Regimento de Infantaria do Exército.
A
decisão atende a um pedido feito pela Comissão Nacional da Verdade, aquele
grupo interessado em destacar os aspectos moralmente superiores e martirizados
de um dos lados e os moralmente inferiores e perversos do outro. É aquela
comissão que transforma um Marighella em herói e que, se pudesse, mandaria para
a cadeia o sargento da esquina. Que se chamasse “Comissão Nacional da Revisão
da História”, vá lá. Não seria mentirosa ao menos no nome.
Só
para registro: já houve outras comissões e sindicâncias antes. Como não
chegaram a resposta pretendida, vai-se tentar mais uma vez. É o esforço
permanente para que o mundo dos mortos possa dar uma forcinha ao mundo dos
muito vivos.
Gente
como Franklin Martins ou Carlos Eugênio da Paz, por exemplo, não precisam
explicar nada. Basta correr para o abraço. Não adianta a grita. Não mudo de
ideia, não! Se é para contar a verdade, então que se conte a… verdade!
Li
em algum lugar que punir os torturadores, mas não o terroristas, faz sentido
porque estes já triam sido processados e punidos pelo regime. Uma ova! Peguemos
o mais influente deles hoje em dia: Franklin Martins. Ele ficou preso, sim, por
menos de três meses em 1968, mas quem disse que respondeu pelos crimes que
praticou — sequestro inclusive? Não respondeu, não! E nem defendo que seja
submetido agora a processo. Por isso houve a Lei da Anistia: para ele, para
outros como ele, mas também para o “outro lado”.
“Ah,
mas quem disse que são faces opostas de uma mesma narrativa?” São, sim! É
Franklin que não me deixa mentir. É ele quem confessa que teria, sim, executado
o embaixador sequestrado. Alguns dirão: “A questão é política, não pessoal!”
Sem dúvida! Ele estava certo de que aquilo era parte da revolução. E os
torturadores estavam certos de que estavam a combater o comunismo. Quem é mais
moral? Ninguém. São amoralidades opostos e complementares.
De
resto, admita-se: a esquerda sempre foi muito mais eficiente como máquina de
matar. Todo o aparato repressivo no Brasil fez 424 cadáveres. Meia-dúzia de
terroristas armados mataram, no mínimo, 120 pessoas — muitas delas nem estavam
na luta política ou só cumpriam ordens.
Por Reinaldo Azevedo
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/1964-a-sindicancia-das-forcas-armadas-e-algumas-verdades-inconcenientes/
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