O Rev. Rubens Ramiro Muzio, líder da Sepal de Londrina (PR), concedeu
uma entrevista para a revista Liderança Hoje falando um pouco sobre essa nova
geração.
Coordenador
do Projeto Brasil 21, programa que mescla ações de evangelismo, discipulado e
plantação de igrejas, líder da Sepal em Londrina (PR) e autor de livros como O
DNA da Igreja (Editora Esperança) e O DNA da vida cristã (Voxlitteris),
o Rev. Rubens Ramiro Muzio disse, ao analisar a atual geração, que é preciso
investir mais nos jovens líderes evangélicos. "Pensam o cristianismo de
maneira mais sistêmica, com mais integralidade; desejam trazer os valores do
Reino de Deus ao mundo; querem ver a cidade transformada e não apenas levarem
almas para o céu", afirma Muzio, que concedeu a seguinte entrevista a Cleber
Nadalutti, editor executivo de LIDERANÇA HOJE:
Essa geração
evangélica é questionadora?
Sim, mas
não no que concerne à reflexão teológica e bíblica. Na verdade, penso que o
questionamento é mais resultado da assimilação das leis do mercado. Diante de
tantos produtos religiosos e opções eclesiásticas, lamentavelmente o
'crente-cliente' se vê com total liberdade para utilizar critérios consumistas
na escolha da melhor igreja, pastores e ministérios. O envolvimento nas
igrejas, em geral, é estritamente opcional e exercitado pelo indivíduo, com sua
própria decisão pessoal. Como resultado, os membros são vistos como
consumidores religiosos atrás de produtos, buscando os serviços religiosos que
melhor se encaixem às suas necessidades pessoais.
A nova geração
respeita as autoridades (inclusive o pastor)?
Se você
se refere à nova geração de líderes e jovens cristãos com menos de 35 anos de
idade, eu creio que sim. Eles estão ainda muito abertos! Eu particularmente
sinto maior sensibilidade desses jovens líderes que dos pastores e líderes mais
maduros. Na verdade, a geração mais antiga não soube passar o bastão e
dificilmente compreenderá as profundas mudanças que aconteceram no século 21;
não está disposta a fazer movimentos na vida mais sérios, mais profundos. O
pessoal mais jovem – de menos de 35 anos –, contudo, está mais sedento para
ouvir e dialogar, quer ser desafiado.
De que maneira a
juventude – incluindo aqui os adultos jovens – tem se inserido na sociedade,
buscando ser aquilo que Jesus propunha: ser sal com gosto e luz que, de fato,
ilumina o caminho das pessoas?
Os jovens
cristãos maduros pensam o cristianismo de maneira mais sistêmica, com mais
integralidade; desejam trazer os valores do Reino de Deus ao mundo; querem ver
a cidade transformada e não apenas levarem almas para o céu. Por isso, questões
sociais e ecológicas fazem parte de suas agendas e inserem-se dentro de sua
espiritualidade. Isso é muito positivo. O grande desafio deles talvez seja
aprender a ler e meditar nas Escrituras Sagradas ao mesmo tempo em que refletem
e analisam a situação do mundo. O equilíbrio entre comunhão com Deus, Sua
vontade e Sua Palavra por um lado, e a realização pessoal, o sucesso e a
análise das questões sociais de outro, é importantíssimo. O sucesso é medido
pela minha vida perante Deus, meu crescimento a semelhança de Cristo, no
caráter e não pelos aplausos. Aqueles que querem preencher o vazio interior
através do serviço ao próximo irão apenas espalhar sua infelicidade mais
adiante. Pessoas que desejam ajudar e fazer coisas pelos outros ou pelo mundo
sem aprofundar seu autoconhecimento, sua compreensão de si mesmos, sua
liberdade pessoal, sua capacidade para amar, descobrirão cedo ou tarde que não
tem nada a oferecer.
Quais são os
desafios da Igreja hoje diante de tanto materialismo?
Este é um
momento de humildade e gratidão. A igreja está crescendo e o povo se
enriquecendo e devemos ser muito cuidadosos com o gerenciamento de nossos bens.
Devemos ser mais generosos e menos focados na construção dos nossos próprios
impérios! Precisamos ser menos amantes do consumo, do entretenimento e dos bens
materiais, e levar uma vida mais simples, sendo desapegados das coisas.
Como alcançar os
jovens e adultos jovens desigrejados?
Os jovens
brasileiros ainda estão muito abertos para as questões espirituais. Na verdade,
estão entre os jovens mais abertos no mundo inteiro. Devemos tratá-los com
respeito e seriedade, sem fazer marketing, respeitando-os em seus
questionamentos, propondo uma caminhada de discipulado e semelhança a Cristo.
Devemos tratá-los de igual para igual, com uma visão clara do Reino de Deus e
fundamentada nos valores bíblicos.