O desfecho do julgamento do mensalão não se
limitará a determinar o destino dos 37 réus, constata Marco Antonio Villa no
artigo reproduzido
na seção Feira Livre. O Supremo
Tribunal Federal está decidindo a própria sorte e, por consequência, a sorte de
uma democracia ainda na infância. O epílogo do escândalo escancarado em meados
de 2005 dirá se o tumor da corrupção impune foi enfim lancetado ou se a
metástase seguirá seu curso ─ com o endosso do único dos três Poderes que ainda
resiste à ofensiva dos inimigos do Estado de Direito.
Forjado para financiar a captura das instituições
pelo governo do PT, o esquema do mensalão consolidou com malas de dinheiro a
base alugada (e, com donativos de emergência, manteve no curral descontentes
circunstanciais). A descoberta do Pântano do Planalto só mudou o instrumento do
amestrador: agora domados pela distribuição de ministérios (cofres incluídos),
os partidos governistas reduziram o Poder Legislativo a um clube dos cafajestes
dependente do Executivo. Apressada pelo processo que começou a ser julgado em 2
de agosto, a última etapa do projeto bolivariano prevê o aparelhamento do
Judiciário e a rendição incondicional do Supremo Tribunal Federal.
A trama bandida ainda não foi consumada, atesta o
saldo alentador da mais recente sessão do Supremo Tribunal Federal reservada ao
julgamento do mensalão. Condenados por seis dos 11 ministros, já não há salvação
para quatro acusados: Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon
Hollerbach e Henrique Pizzolato. O diretor-executivo da quadrilha, dois de seus
sócios e o companheiro vigarista infiltrado pelo PT na direção do Banco do
Brasil. Nem Ricardo Lewandowski e Dias Tóffoli tentaram salvá-los. Nem a dupla
disposta a tudo para executar o serviço encomendado pelos padrinhos se animou a
instalar o quarteto na boia onde o deputado João Paulo Cunha espera o
resgate que não virá.
Faltam apenas dois votos para que o candidato do PT
à prefeitura de Osasco seja transferido do palanque para a fila do cadafalso.
Baseados na abundância de provas, evidências e indícios veementes, quatro
ministros condenaram João Paulo. Fizeram um julgamento técnico. O julgamento
político ficou por conta de Lewandowski e Toffoli, que mandaram às favas os
autos do processo, a lei, a lógica e a honra ─ e se juntaram na patética
tentativa de promover a inocente injustiçado um pecador sem remédio. As togas
companheiras gostam de frequentar restaurantes da moda. Logo saberão o que os
espectadores da TV Justiça acharam do desempenho dos parceiros.
Quando o julgamento começou, o Datafolha constatou
que só 5% dos brasileiros acreditavam na inocência dos acusados. Mereciam
cadeia para 73%. Neste universo amplamente majoritário, contudo, só 11%
apostavam na punição dos culpados. A altíssima taxa de descrença na Justiça foi
certamente reduzida pelas primeiras condenações. O país descobriu que ainda há
juízes na Praça dos Três Poderes. Na sessão desta quarta-feira, os ministros
mais antigos começarão a votar. Deles depende a ressurreição da esperança.
A seita lulopetista já se movimenta para preencher
as próximas vagas no STF com gente como José Eduardo Cardozo e Luiz Inácio
Adams. A resistência democrática acaba de descobrir que os toffolis e
lewandowskis ainda não estão no controle do Judiciário. Ainda não. Ainda há
tempo para impedir-se que a multiplicação dessa subespécie anexe o Supremo à
rede de templos da seita dos liberticidas.
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