"Se, pois, fostes ressuscitados
juntamente com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está
assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que
são da terra; porque morrestes, e a vossa vida está escondida com Cristo em
Deus. Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos
manifestareis com ele em glória." (Carta aos Colossenses 3.1-4 - Bíblia Sagrada) - Bo@noia
Por Felipe Sabino de Araújo Neto em “Monergismo”
O que é regeneração?
Certamente muitas pessoas titubeariam diante de tal
pergunta. Pessoas essas que professam ser cristãs, que professam terem crido em
Cristo como seu Salvador.
Contudo, não obstante tal ignorância, e não
obstante o fato lamentável e assustador desta doutrina ter sido quase que
totalmente banida dos púlpitos das igrejas tidas como evangélicas, a Palavra de
Deus dá um lugar central para a mesma.
George Whitefield (1714-1770), um dos maiores
evangelistas de todos os tempos, iniciou o seu sermão sobre regeneração
afirmando de forma acertadíssima:
“A doutrina da nossa regeneração, ou do novo
nascimento em Cristo Jesus, é uma das mais fundamentais doutrinas da nossa santa
religião”.
Embora muitos possam achar esta afirmação
extremada, foi o próprio Jesus quem primeiro declarou a absoluta necessidade do
novo nascimento espiritual para se entrar no Reino de Deus. No seu famoso
diálogo com Nicodemos, registrado em João 3:3, Ele declarou: “Em verdade, em
verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”.
A expressão, a menos que, no ensino de Jesus, sinaliza uma condição
universalmente necessária para ver e entrar no Reino de Deus. É uma condição
sem a qual é impossível a entrada no Reino de Deus. Portanto, o novo nascimento
é uma parte essencial do cristianismo. Diante disso, não é de assustar a
ausência do ensino do mesmo nas igrejas, hoje?
Como disse Sproul, “regeneração é o termo teológico
usado para descrever o novo nascimento. Refere-se a uma nova geração, um novo
gênesis, um novo princípio...A regeneração marca o início de uma nova vida,
numa pessoa radicalmente renovada. Pedro fala aos crentes que eles foram 'regenerados,
não de semente corruptível, mas de incorruptível, mediante a Palavra de Deus, a
qual vive e é permanente' (1 Pedro 1:23)”.
Dabney (1820-1898) descreve a regeneração da
seguinte forma:
Regeneração é “uma renovação sobrenatural das
disposições que determinam o propósito moral e do entendimento na apreensão da
verdade moral e espiritual, o todo resultando numa permanente e fundamental
conversão nas ações do homem como um todo, tanto para com o pecado como para
com a santidade: a carne e Deus. Para tal mudança, a vontade humana é
absolutamente inadequada e irrelevante... Ela [a regeneração] é, portanto, uma
obra divina e todo-poderosa do Pai e do Filho através do Espírito Santo, como
Seu Agente”.
Sim, a regeneração é obra do Espírito Santo e tem
que ser, visto que antes de sermos regenerados estávamos “mortos em delitos e
pecados” (Efésios 2:8). O Espírito Santo implanta em nossos corações, na
regeneração, vida espiritual, fazendo com que tenhamos disposição, inclinação e
desejo para com as coisas de Deus, coisas essas que de outra forma nunca
existiriam visto que “a mente carnal é inimizade contra de Deus” (Romanos 8:7)
e “não há ninguém que busque a Deus” (Romanos 3:11).
Regeneração não é conversão. A regeneração é um ato
soberano, imediato e instantâneo, diferente da conversão que pode ser gradual.
Como nos lembra Sproul, assim como uma mulher não pode ficar parcialmente
grávida, assim também ninguém pode nascer de novo parcialmente.
E por último, a regeneração não é fruto ou
resultado da fé, embora muitos sustentem erroneamente este conceito. Não existe
um cristão não nascido de novo, visto que a regeneração precede a fé,
ou seja, vem antes da fé e é a condição necessária para a fé. Além disso, não
temos participação alguma na regeneração, ou seja, não cooperamos com o
Espírito Santo para que ela seja realizada. Jesus, no discurso acima citado com
Nicodemos, afirmou que o “vento sopra onde quer”, enfatizando a soberania do
Espírito, pois não escolhemos ou decidimos ser regenerados. Deus decide
regenerar antes de nos decidirmos por Ele. Resumindo, somente depois de
sermos regenerados é que decidimos agir, cooperar e crer em Cristo. Como
poderia ser diferente, se estávamos mortos antes de sermos regenerados? Uma
pessoa morta não pode crer em Cristo, assim como Lázaro não poderia se levantar
do túmulo sem Cristo tê-lo ressuscitado primeiro. Contudo, Deus não exerce fé
por nós. É por meio de nossa própria fé que somos justificados. O que Deus faz
é nos conceder a vida espiritual, nos resgatando das trevas, da escravidão e da
morte espiritual.
O ensino de que a fé precede a salvação regeneração
ignora o fato da depravação do homem, ou seja, dos efeitos da queda em nós,
além de banalizar a importância da regeneração. Pois, se já cremos, ou seja, se
somos salvos (visto que todo aquele que crê não será condenado, nas palavras do
próprio Cristo), para que serve a regeneração? Mas se a regeneração é
necessária para alguém ser salvo, como a Bíblia o diz,
então a sua importância é vital como o disse Cristo a Nicodemos.
John Murray (1898-1975), em seu livro Redenção
Consumada e Aplicada, afirma:
“Deve-se notar especialmente que mesmo a fé em que
Jesus é o Cristo é produto da regeneração. Naturalmente que esta é uma
implicação clara de João 3:3-8...A regeneração é o princípio de toda a graça
salvífica em nós, e toda a graça salvífica em exercício, de nossa parte,
procede da fonte da regeneração. Não nascemos de novo pela fé ou pelo
arrependimento ou pela conversão; nós arrependemo-nos e cremos porque fomos
regenerados. Ninguém pode afirmar genuinamente que Jesus é o Cristo senão pela
regeneração do Espírito, que é um dos meios pelos quais o Espírito Santo
glorifica a Cristo. Seguir a Cristo pela fé é a primeira evidência da
regeneração, e somente assim podemos saber que fomos regenerados”.
Diante disso, não é impressionante a ausência da
pregação sobre a necessidade de sermos nascidos de novos ou regenerados, em
nossos dias? Qualquer pessoa pode freqüentar uma igreja, dar o seu dízimo,
pronunciar algumas orações e jejuar, mas somente aqueles que nasceram de novo,
nasceram de Deus, podem ver e entrar no reino de Deus. Você já nasceu de novo?
Fonte: www.monergismo.com
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