por Joseph Mizzi -Tradução: Felipe Sabino de
Araújo Neto
O que é o novo nascimento, ou
regeneração, como é também chamado? Podemos definir regeneração como um ato
criativo de Deus, transmitindo nova vida a pecadores espiritualmente mortos. O
nascimento físico resulta em vida física; a regeneração pelo Espírito nos dá
vida espiritual, pois “o que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do
Espírito é espírito” (João 3:6).
A Bíblia usa termos diferentes para
descrever a regeneração: (1) gerar, procriar, dar nascimento (João 1:13; Tiago
1:18; 1 João 2:29); (2) regenerar, criar novamente (Tito 3:5; 2Co. 5:17; Gl.
6:15; Ef. 2:10; 4:24); (3) vivificar (Ef. 2:5; Cl. 2:13).
Espiritualmente Morto
O novo nascimento é indispensável
para a salvação. Durante uma conversa com Nicodemos, um líder judeu respeitado,
Jesus enfatiza a necessidade absoluta do novo nascimento. Nicodemos era um
judeu – um membro do povo do pacto de Deus; ele era circuncidado (o ritual do
Antigo Testamento que distinguia judeus dos gentios, e era uma figura da sua consagração
pactual a Deus); estudava e ensinava as Escrituras; orava regularmente e se
esforçava para guardar os mandamentos.
Todavia, Jesus insistiu que, a menos
que Nicodemos nascesse de novo (ou literalmente, nascesse do alto), ele não
veria nem entraria no reino de Deus (João 3:3, 7). Deveríamos aplicar as
Palavras de Deus a nós mesmos.
Não é suficiente descender de uma
boa família cristã, ser batizado, e ser uma pessoa religiosa e moral. Todas
essas coisas não nos dão entrada ao céu. Para ver e entrar no reino de Deus,
devemos nascer de novo também!
Mas por que a regeneração é
necessária? O diagnóstico da Bíblia sobre a nossa saúde espiritual é lúgubre.
Não somos apenas fracos ou doentes; muito pior do que isso, estamos
espiritualmente “mortos em delitos e pecados” (Ef. 2:1). Assim, precisamos
nascer “do alto” – pelo poder de Deus – pois entramos nesse mundo como defuntos
espirituais. Nós que somos “mortos” precisamos ser “vivificados” (Ef. 2:1).
Chamado
O evangelho é proclamado a todos;
muitos são convidados, muito são chamados. Todavia, o convite maravilhoso de
Deus se depara freqüentemente com indiferença, antipatia e mesmo hostilidade
aberta. Isso não é inesperado, considerando a natureza pecaminosa do homem e o
estado de morte espiritual. Pelo contrário, o que é surpreendente é que alguns
de fato respondem e crêem.
Chegamos a crer somente porque o
chamado de Deus é poderoso e eficaz. Como no princípio, quando Deus falou e os
mundos foram formados, agora, a palavra de Deus cria nova vida espiritual. A
Bíblia declara: “aos que [Deus] predestinou, a esses também chamou; e aos que
chamou, a esses também justificou” (Rm. 8:30). Nesse versículo, “chamou” não
pode se referir ao convite geral do evangelho, pois nem todo aquele que ouve o
evangelho é predestinado. As mesmas pessoas de quem é dito aqui que foram “chamadas”
foram também predestinadas, e justificadas também. O chamado delas foi eficaz
para a salvação. Esse ato de Deus é denominado “o chamado eficaz” e deve ser
distinguido do chamado geral ou convite do evangelho. O apóstolo Paulo
refere-se àqueles que foram chamados significando os convertidos, todos os
cristãos. Em distinção do restante do mundo, os chamados “pertencem a Jesus
Cristo”, são “amados de Deus” (Rm. 1:6, 7) e estão “em comunhão com o seu Filho”
(1Co. 1:9, NIV).
O milagre de Jesus ressuscitando
Lázaro dentre os mortos ilustra o poder do chamado de Deus. Lázaro tinha
morrido e sido sepultado há quatro dias. Todavia, Jesus clamou em alta voz: “Lázaro,
vem para fora!” (João 11:43). Lázaro poderia sair da sepultura? Poderia um
cadáver ouvir ou andar? Como então ele ouviu a voz de Jesus e saiu para fora da
sepultura? Não foi pelo poder da palavra de Jesus? Jesus tinha soprado nele
nova vida, de forma que pudesse responder ao seu chamado. O mesmo é verdadeiro para
todo aquele que já respondeu ao evangelho.
Nascido de Deus
Podemos fazer algo para nascermos de
novo? Não, o novo nascimento não é algo que podemos fazer, nem mesmo ajudar a
alcançar. A regeneração é a obra de alguém outro, o Espírito Santo.
Repetidamente o apóstolo João enfatiza que “nascemos de Deus” (1 João 3:9; 4:7;
5:1, 4, 18). Deus é o autor do novo nascimento.
O novo nascimento é um ato de Deus
somente, sem ajuda, consentimento ou cooperação humana. “Mas, a todos quantos o
receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que
crêem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne,
nem da vontade do homem, mas de Deus” (João 1:12, 13). Quem são aqueles que recebem
e crêem no Senhor Jesus? Certamente não são os espiritualmente mortos; eles não
possuem nenhuma atração por Cristo, mas sim andam de acordo com o curso deste
mundo, sob a tirania de Satanás, e escravizados a suas paixões pecaminosas (Ef.
2:1-3). Quem então crê em Cristo? A Bíblia responde: aqueles que nasceram de
Deus. A regeneração vem primeiro e nos capacita a crer.
Podemos dizer que nascemos de Deus
porque fizemos uma decisão de receber a Cristo, ou porque repetimos uma oração
especial? Não, muitos que fazem “uma decisão por Cristo” e repetem a “Oração do
Pecador” não mostram nenhuma evidência de vida espiritual. O novo nascimento
não é pela vontade da carne ou vontade do homem, mas pela vontade de Deus. Não
é algo que você decide fazer, mas um ato que Deus realiza em nós se e quando lhe
agradar. Nem podemos presumir que nascemos de novo simplesmente porque fomos
batizados. É suficiente dizer que muitos daqueles que foram batizados não
mostram sinais de vida espiritual.
O Fruto da Regeneração
Como podemos então dizer se nascemos
de novo, se fomos espiritualmente vivificados? Embora o novo nascimento seja
obra exclusiva de Deus, os resultados do novo nascimento são claramente evidentes
em nós. O primeiro grito e respiração de um recém-nascido asseguram a mãe que
seu filho está vivo e saudável. E quais são os sinais da vida espiritual? A
Bíblia enfatiza três qualidades que caracterizam os filhos de Deus: fé,
santidade e amor.
1. Fé: “Todo aquele que crê que
Jesus é o Cristo é nascido de Deus” (1 João 5:1); e novamente, “Quem crê no
Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá
a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (João 3:36).
2. Santidade: “Todo aquele que é
nascido de Deus não vive na prática de pecado… reconhecei também que todo
aquele que pratica a justiça é nascido dele” (1 João 3:9: 2:29).
3. Amor: “Todo aquele que ama é
nascido de Deus e conhece a Deus… sabemos que já passamos da morte para a vida,
porque amamos os irmãos” (1 João 4:7; 3:14).
A Bíblia não ensina que nascemos de
novo pela fé, ou por causa da nossa santidade ou amor. Pelo contrário, essas
virtudes seguem após a regeneração. A fé em Cristo, a santidade pessoal e uma
atitude amável são a evidência concreta que uma pessoa é nascida do alto e
pertence à família de Deus.
Fonte: Christian Thumbnails, Joseph Mizzi, p. 55-57. Por http://www.monergismo.net.br/?secao=regeneracao
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