Vinho, na Escritura, é uma promessa de Deus das bênçãos do pacto (Sl 4.7, “Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho.”). Embora homens pecadores usem incorretamente e abusem desse dom, todavia, Deus mesmo o usa como um exemplo de sua bondade para conosco. (Sl 104.14-15, “Faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão, e o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.”).
De fato, vinho é uma benção que Deus promete especificamente àqueles que O honram com o dízimo. (Pv 3.9-10, “Honra ao SENHOR com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos; e se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares.”). Como em todas as coisas na criação, o vinho em si é um símbolo, uma imagem, um reflexo de algo maior e superior.
É um retrato das bênçãos que procedem de um relacionamento correto com Deus (Is 25.6, “E o SENHOR dos Exércitos dará neste monte a todos os povos uma festa com animais gordos, uma festa de vinhos velhos, com tutanos gordos, e com vinhos velhos, bem purificados.”; Is 27.2, “Naquele dia haverá uma vinha de vinho tinto; cantai-lhe.”). Na verdade, ele é uma figura da nova vida em Cristo; (Is 55.1, “O vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite.”). Jesus usou o vinho como um símbolo da habitação do Espírito Santo, o qual não pode ser limitado pelas velhas tradições (Mt 9.17, “Nem se deita vinho novo em odres velhos; aliás rompem-se os odres, e entorna-se o vinho, e os odres estragam-se; mas deita-se vinho novo em odres novos, e assim ambos se conservam.”). Possivelmente esse é o motivo pelo qual o primeiro milagre que Jesus realizou diante dos seus discípulos, autenticando o seu ministério, foi transformar água em vinho. (João 2.9-11, “E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo. E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho. Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galileia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.”). Esse milagre, demonstrou não somente Seu senhorio sobre a criação, mas foi também um retrato do que o Messias faria em seu ministério; i.e., pegar elementos comuns e sujos (água era praticamente intragável naqueles dias) e transformá-los em algo doce e maravilhoso.
Algumas pessoas têm argumentado que o vinho na Escritura era suco de uva não fermentado. Mas isso é insustentável, tanto linguística como contextualmente. O suco de uva fermenta-se rapidamente em vinho. É o processo de fermentação que estoura os odres velhos. É o álcool no vinho que, quando usado corretamente, eleva espíritos quebrantados, e torna os tristes, alegres. A embriaguez é proibida pois é uma dissipação; em vez disso, devemos ser cheios do Espírito (Ef 5.18). O álcool no vinho é um retrato do Espírito Santo.
Dessa forma, ao usar suco de uva em vez de vinho, as igrejas destroem a imagem do Espírito Santo na Santa Ceia. Sim, algumas pessoas abstém-se de qualquer quantidade de álcool pois estão preocupadas com a embriaguez. Mas ao recusar beber vinho na Santa Ceia uma igreja está implicitamente rejeitando a própria imagem que Deus nos deu da obra do Espírito Santo. Não é por acaso que o evangelicalismo moderno tem substituído amplamente o vinho por suco de uva.
Dessa forma, precisamos resgatar essa imagem bíblica para que as celebrações da Santa Ceia sejam completas. É o Espírito Santo que alegra os nossos corações, enche nossas vidas de bondade, estoura os odres velhos e nos dá nova vida. Queremos a plenitude do Espírito Santo em nossas vidas e em nossas Igrejas. Portanto, como um símbolo da obra e do poder do Espírito Santo, o vinho verdadeiro precisa ser usado em nossa Santa Ceia, em vez de “eufemismo roxo”.
Algumas pessoas se perguntam se isso é realmente necessário. Será que é de fato importante se usamos suco de uva como um símbolo do vinho verdadeiro? R. C. Sproul disse que sim. Ele disse, se é apenas um símbolo, então por que não usamos manteiga de amendoim e geleia? Deus mesmo declarou quais símbolos devemos usar. A Confissão de Fé de Westminster, padrão doutrinário das Igrejas Presbiterianas, exige o vinho; logo, todos os presbíteros da PCA (*) e OPC (**) são obrigados a jurar servir vinho na Ceia do Senhor. Deus não escolheu suco de uva para representar o sangue do seu precioso Filho, mas sim vinho. Ele supervisionou a criação para que o açúcar se fermentasse em álcool, a fim de simbolizar os efeitos do seu Espírito Santo levedando e trabalhando sua vontade em nossa vida. Não permitamos que a impiedade dos outros, que abusam dos seus bondosos dons, roubem de nós a imagem que Deus mesmo nos deu. Cheguemo-nos à sua mesa com humildade, reverência e obediência.
(*) PCA – Presbyterian Church in America (Igreja Presbiteriana na America)
(**) OPC – Orthodox Presbyterian Church (Igreja Presbiteriana Ortodoxa)
- Ambas separaram-se da IP do Norte e IP do Sul dos EUA, respectivamente, por causa do liberalismo teológico.
Fonte: http://highlands-reformed.com/
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – maio/2011 – por Monergismo.com
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