"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." - Martin Luther King

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Pastor Ricardo Gondim perde coluna em Ultimato por suas posições polêmicas

O pastor Ricardo Gondim, 54, da Igreja Betesda, escreveu em seu blog que, depois de quase 20 anos como colaborador da Ultimato, ele foi “convidado” pelo conselho editorial a “descontinuar” a sua coluna na revista. Ultimato é filiada à Associação Evangélica Brasileira e à Associação de Editores Cristãos. Gondim foi informado pelos responsáveis pela revista de que suas declarações estavam criando desconforto e tensão.

A gota d’água, segundo relatou o pastor, foi a entrevista que deu à revista Carta Capital (http://www.lpc.org.br/noticias/1267-ricardo-gondim-continua-a-polemizar-agora-para-a-revista-carta-capital) na qual defendeu a união civil de homossexuais e a observância de que o Estado é laico. Aparentemente, ele foi defenestrado menos pelo que escrevia na revista e mais pelo que dizia em outros meios. No blog, ao comentar o “convite”, ele reafirmou: “Em um Estado laico, a lei não pode marginalizar, excluir ou distinguir como devassos, promíscuos ou pecadores, homens e mulheres que se declaram homoafetivos e buscam constituir relacionamentos estáveis. Minhas convicções teológicas ou pessoais não podem intervir no ordenamento das leis”.

 
Gondim tem se destacado como um contundente crítico do movimento neopentecostal brasileiro. No começo do ano, publicou em seu blog o artigo “Deus me livre de um Brasil evangélico”, com a argumentação de que, se a maioria da população do país se tornasse evangélica, o puritanismo causaria uma devastação na cultura brasileira.
À Carta Capital, ele disse que o objetivo desses evangélicos é assumir cada vez mais poder político, tendo em vista, inclusive, as eleições presidenciais. Gondim contou que outro motivo do seu desligamento da Ultimato foi sua afirmação de que “Deus não está no controle”. Na entrevista, ele disse: “Se Deus é bom e onipotente, e coisas ruins acontecem, então há algo errado com esse pressuposto. Minha resposta é que Deus não está no controle. A favela, o córrego poluído, a tragédia, a guerra, não têm nada a ver com Deus. Concordo muito com Simone Weil, uma judia convertida ao catolicismo durante a Segunda Guerra Mundial, quando diz que o mundo só é possível pela ausência de Deus. Vivemos como se Deus não existisse, porque só assim nos tornamos cidadãos responsáveis, nos humanizamos, lutamos pela vida, pelo bem. A visão de Deus como um pai todo-poderoso, que vai me proteger, poupar, socorrer e abrir portas é infantilizadora da vida”.
Antes de falar à revista, o pastor, por causa da mesma afirmação, já tinha enfurecido alguns dos evangélicos que o seguem no Twitter. Mas a sua entrevista gerou da parte de Klênia Fassoni, da Ultimato, a acusação de que é um humanista. Nas doutrinas do humanismo, o homem é senhor do seu destino – independe, portanto, de divindades. Gondim demonstrou ficar chateado com Klênia e escreveu que, sobre o seu humanismo, não se daria ao trabalho de reagir.
Ao jornalista Gerson Freitas Jr., da Carta Capital, Gondim disse que vem sofrendo muita pressão de seus pares por causa de suas afirmações. “Fui eleito o herege da vez”, afirmou.

Fonte: Paulopes – LPC Comunicações



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