Você já questionou a razão dos ‘ímpios’ se darem tão bem, enquanto você, temente a Deus, enfrentar tantas lutas e dificuldades na vida? Já sentiu no coração uma profunda tristeza pela injustiça aparente no mundo? A vida, às vezes, não parece tão injusta?
Às vezes, em aconselhamentos bíblicos, ouço pessoas reclamando que sonham com uma viagem, com um emprego melhor, com um salário melhor, com um carro melhor, uma casa melhor, uma vida melhor, e, apesar de sua integridade, nada disso eles conseguem. Eles olham ao redor e veem os ímpios, que só trapaceiam, caluniam, mentem, enganam, se dando bem na vida, prosperando. São injustos, errados, mas desfrutam de uma vida boa, com condições de dar uma vida “melhor” para suas famílias. Por quê?
Dentro de nossa série sobre personagens da Bíblia que passaram por depressão e encontraram a graça de Deus, chegamos hoje a um dos líderes dos corais que entoavam louvores no Templo dos dias do rei Davi: o levita Asafe.
Este homem, temente a Deus, escreveu muitos salmos. Seu coral cantava estes salmos. E um dos que me chamam mais a atenção é o Salmo 73. É nesse salmo que Asafe abre seu coração para nos mostrar como chegou a uma depressão com um coração tremendamente amargurado, com dores no corpo e na alma (v. 21), e como ele quase abandonou a fé por conta dessa depressão (v. 2).
A situação que trouxe Asafe a essa depressão foi a mesma que, por muitas vezes, nos incomoda nos dias em que vivemos. Em um determinado momento de sua vida, Asafe começou a perceber que os ímpios prosperavam mais do que ele, um homem piedoso. E aquilo começou a incomodá-lo. Bens, posses, coisas da vida que Asafe gostaria tanto de ter e não conseguia, mas que os ímpios, em sua desonestidade acabavam conseguindo. Aquilo revoltou Asafe. Ele desnuda sem vergonha alguma seu coração cheio de inveja pela prosperidade dos perversos (v. 3). Asafe se lembra de sua vida cheia de trabalho, de responsabilidades, de preocupações, de dificuldades, e fala da vida dos perversos que prosperam:
“Eles não passam por sofrimento e têm o corpo saudável e forte. Estão livres dos fardos de todos; não são atingidos por doenças como os outros homens. Por isso o orgulho lhes serve de colar, e eles se vestem de violência. Do seu íntimo brota a maldade; da sua mente transbordam maquinações. Eles zombam e falam com más intenções; em sua arrogância ameaçam com opressão. Com a boca arrogam a si os céus, e com a língua se apossam da terra ... Assim são os ímpios; sempre despreocupados, aumentam suas riquezas. Certamente foi-me inútil manter puro o coração...” (Salmo 73.4-13)
Asafe desabafa. Nas palavras “...Certamente foi-me inútil manter puro o coração...” ele demonstra até que ponto chegou. E Asafe nos diz nos versos 15 e 16 que ele parou para pensar em tudo isso. Mas, mesmo pensando muito, não conseguiu uma resposta que fizesse sentido. Ele não via resposta a essa situação até que fez o que deveria ter feito desde o início. No verso 17 ele entra no Santuário de Deus, na presença daquele que governa o mundo e tudo o que nele há. E, quando ele entra na presença de Deus, uma luz ilumina sua mente e ele começa a entender, tudo começa a fazer sentido, tudo fica claro, como o sol ao meio-dia.
Na presença de Deus, Asafe entendeu que essa prosperidade, que vem da desonestidade, é um piso escorregadio cujo fim será de dor e grande destruição (v. 18). Estes que hoje sorriem e nadam em corrupção serão, em breve, “totalmente aniquilados de terror” (v. 19). Sua alegria é passageira. Sua prosperidade também. E, aqueles que os invejam também serão levados pela mesma destruição. Quando esteve na presença de Deus, Asafe entendeu que Ele é o nosso tesouro mais precioso, nossa riqueza, nossa prosperidade. Suas palavras, nos versos 25-26, são das mais belas em toda a Bíblia:
“A quem tenho nos céus senão a ti? E na terra, nada mais desejo além de estar junto a ti. O meu corpo e o meu coração poderão fraquejar, mas Deus é a força do meu coração e a minha herança para sempre.”
Deus quer ser a sua herança, a sua riqueza que ninguém jamais poderá roubar e pela qual nunca você terá que trabalhar ou gastar um tostão para ter. Deus quer ser o seu mais precioso tesouro a fim de que, quando você perceber a prosperidade dos ímpios, você não se entristeça, mas O adore, pelo fato da maior de todas as riquezas você possuir hoje em sua vida: Deus!
Se você está longe dEle, aproxime-se! Aproveite enquanto há tempo! Pois Ele também quer ser uma jóia dentro de você que o satisfaça e sustente em todas as situações de sua vida!
Um dia, a falsa e passageira alegria do mundo acabará e tomará lugar grande tristeza. Nesse mesmo dia entrarão na presença de Deus para viverem eternamente em riqueza, conforto, alegrias e prazeres todos aqueles que hoje sofrem, choram, lutam com as dificuldades, inclusive financeiras, e não conseguem ter nesse mundo aquilo que tanto gostariam de ter.
O Dia da Eternidade será o Dia da Verdade. Lá o riso se tornará choro, e as lágrimas dos fiéis serão enxugadas para todo o sempre.
Fonte: http://wilsonporte.blogspot.com/
Wilson Porte Jr. - Ministro da Convenção Batista Brasileira, membro da Comunhão Reformada Batista do Brasil, pastor da Igreja Batista Liberdade, Araraquara-SP, Bacharel em Teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida e concluindo o Mestrado em Teologia pelo Centro de Pós-Graduação Andrew Jumper (Universidade Presbiteriana Mackenzie).
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