"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." - Martin Luther King

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

AS RESPONSABILIDADES DOS PRESBÍTEROS - G. I. Williamson - Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto

1. Em textos como Atos 20.28, 1 Pedro 5.1-3 e Hebreus 13.17, fica claro que os presbíteros são:
(a) pastores do rebanho de Deus. Eles devem cuidar, guiar e alimentar o povo de Deus com a verdade de sua Palavra, assim como bons pastores de ovelhas cuidam para que elas tenham pastos verdejantes e água adequada. Eles são:

(b) vigias que são responsáveis pela alma dos homens, sendo obrigados a dar conta de sua supervisão. Eles também devem ser:

(c) exemplo para o povo Deus, jamais agindo como dominadores (1Pe 5.1ss). Entre as várias atribuições que encontramos mencionadas na Escritura, destacamos as seguintes: os presbíteros devem visitar os enfermos (Tiago 5.14); garantir que tudo na igreja seja feito com decência e ordem (1Co 14.37-40); lutar contra a falsa doutrina (Atos 20.28-30); evitar disputas infrutíferas sobre meras palavras (2Tm 2,14); exortar o povo (Tito 1.4); e juntamente com os presbíteros de outras igrejas devem resolver as disputas que surgem em sua congregação sobre a base da autoridade suprema da Bíblia (Atos 15).

2. É claro a partir dessa breve investigação, e de outros textos similares, que o presbítero é primariamente responsável por manter uma supervisão dos membros particulares da igreja local. A passagem de 1 Pedro 5.2-3 sugere que todo presbítero na era apostólica recebia uma esfera específica de dever e autoridade. (Um bairro com várias famílias era designado à responsabilidade particular de determinado presbítero?) Ele também tinha que se preocupar com o bem-estar da congregação como um todo. A vida corporativa da igreja estava sendo mantida fiel às Escrituras? O Evangelho verdadeiro estava sendo fielmente pregado, os sacramentos corretamente administrados e a disciplina eclesiástica fielmente mantida? A doutrina, adoração e governo da igreja estavam sendo mantidos de uma forma bíblica? Sem dúvida, é evidente quão artificial seria imaginar que os presbíteros tinham apenas uma função real [de rei]!

3. Para realizar essa tarefa importantíssima, é óbvio que o presbítero regente de hoje precisa estar bem arraigado nas Escrituras. Ele precisa de uma boa compreensão do que chamamos “teologia bíblica”, o entendimento do processo de autorrevelação de Deus na história, como apresentado na Escritura. Como ele pode proteger o rebanho das más interpretações atomistas das seitas de hoje, se ele não sabe como interpretar um texto particular da Bíblia à luz desse desdobramento da revelação de Deus? Novamente, ele precisará ter uma boa noção de “teologia sistemática”.
Numa seção anterior, o autor tentou demonstrar que “tanto presbíteros como diáconos incorporam a autoridade delegada de Cristo. A medida desse dom difere, mas há um aspecto ou elemento profético, sacerdotal e real na obra dos presbíteros e dos diáconos”.

[N. do T.]   Dificuldades que surgem na vida dos crentes são devido a uma carência do entendimento da verdade de Deus como um sistema coerente. O resultado é que eles carecem da habilidade para distinguir coisas que são diferentes. Como os presbíteros podem ajudar a aliviar essa fraqueza, se eles mesmos carecem de discernimento? Aqui vemos a importância prática de pelo menos um entendimento modesto da história da Igreja. A maioria dos nossos problemas modernos é pouco mais que versões recauchutadas de heresias e movimentos contra os quais a Igreja já lutou no passado. E, sem dúvida, os presbíteros precisam entender os princípios de governo eclesiástico. Observamos essas coisas, primeiro, porque não queremos que algum leitor pense que minimizamos a educação. É essencial que todos os presbíteros da igreja sejam bem versados nesses assuntos. Mas tendo dito isso com ênfase, é igualmente importante observar que a maioria das qualificações para o ofício de presbítero não possuem caráter acadêmico. Aqui está, em nossa opinião, a fraqueza básica em nosso atual sistema de treinamento de presbíteros docentes. Não é autoevidente que o apóstolo, ao apresentar as várias exigências para o ofício na igreja primitiva, esperava que as pessoas escolhessem dentre eles (Atos 6.3) homens que satisfizessem aquelas exigências? Não é igualmente autoevidente que as pessoas poderiam fazer isso somente se tivessem um relacionamento relativamente de longo prazo com os homens que estavam avaliando? É justamente aqui que vemos um sério problema hoje. O sistema atual de treinamento via Seminário não fornece essa exposição contínua daqueles que desejam ser presbíteros docentes aos membros da congregação. As congregações geralmente chamam homens de quem têm pouco ou nenhum conhecimento íntimo. Isso nem sempre foi assim. Antigamente no Presbiterianismo Americano, os pastores eram com frequência treinados por pastores enquanto viviam com a congregação. Cremos que é tempo de buscar restaurar essa dimensão. Talvez a invenção providencial de meios de comunicação por meio dos quais a instrução pode ser ministrada à distância nos ajudará a preencher essa lacuna. O povo de Deus deveria conhecer os homens que chama. Deveria conhecê-los bem o suficiente para determinar o seu voto com base em todas as qualificações listadas pelo apóstolo, e não apenas aquelas que são acadêmicas.

Fonte: Trecho do excelente artigo A Look at the Biblical Offices, de G. I. Williamson, que apareceu na revista Ordained Servant vol. 1, no. 2 (Abril 1992). - http://www.monergismo.com/wp-content/uploads/responsabilidade-presbitero-williamson.pdf


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