A polêmica foto foi feita no dia 18 de março, na
escadaria do antigo Fórum, atualmente sede da Câmara. A imagem, na qual os
estudantes classificam o deputado como mito, foi compartilhada em uma página
dedicada a Bolsonaro na rede social Facebook, a “Bolso Mito TV”. Diego Carvalho
Nogueira, formando autor da postagem, expressa claramente seu apoio a Jair
Bolsonaro e também comentou sobre o fato.
— Nós, médicos formandos, temos muito orgulho da
nossa instituição de ensino, pois nos deu capacidade e qualidade nos nossos
conhecimentos técnicos e relacionamento com os pacientes. Prezamos muito pelo
próximo, sendo mais uma comprovação que não somos fascistas ou nazistas. A
instituição não tem a menor influência nos pensamentos políticos dos alunos,
assim como deve ser, afinal de contas faculdade de medicina é lugar de estudo e
não de discutir política. Mas em relação à moral e ética podem ter certeza que
fomos todos muito bem orientados e colocamos tudo em prática.
No dia seguinte à repercussão da foto de apoio a
Bolsonaro no jornal Extra, os muros da FMC foram pichados, conforme mostrou
Christiano Abreu Barbosa, em seu blog Ponto de Vista, hospedado na Folha Online.
A Fundação Benedito Pereira Nunes, mantenedora da
FMC, emitiu nota a respeito do caso. Afirmou que a entidade é apolítica e, à
época, classificou o fato apenas como “a manifestação da opinião de um grupo de
alunos feita fora dos limites da instituição. O que, em nome da liberdade de
expressão e opinião, respeitamos”. A instituição acrescenta que não acha
pertinente dar ao fato importância maior do que ele merece. “Trata-se de mais
um caso da utilização das redes sociais que abrem espaço para tudo e todos”.
Os representantes do Diretório Acadêmico Luís
Sobral também se manifestaram sobre a polêmica. Em nota, defendem o direito dos
estudantes de expressarem suas opiniões, contanto que seja de forma
“responsável e respeitosa”. A representatividade dos estudantes lamenta os
discursos de ódio à classe médica, estudantes e instituição, e destaca que a
opinião do grupo não deve ser categorizada “a senso comum institucional,
tampouco categórico”. “Repudiamos quaisquer atitudes violentas e vandalismos
que são direcionadas aos nossos estudantes e instituição. Acreditamos que a
base da construção de uma sociedade é a democracia e é incabível que pessoas
sejam atacadas por possuírem qualquer posição ideológica, assim como é
inadmissível o ataque à nossa instituição de ensino”, complementou a nota.
Parte de movimento contrário revidou pichando o
muro da FMC, que já afirmou em nota nada ter a ver com a posição política dos
seus alunos. Nas pichações, a palavra “golpista” e um pedido para mais “médicos
cubanos” no país, em clara alusão ao programa “Mais Médicos”, implantado pelo
governo Dilma Rousseff, com a contratação de profissionais estrangeiros e
grande adesão dos cubanos.
Deputado gravou vídeo e agradeceu
O responsável pela publicação inicial dos alunos da
FMC na rede social afirmou: “estamos muito felizes pela resposta do Bolsonaro,
pois isso significa que conseguimos o que queríamos primeiramente”. O deputado,
que aparece como um dos presidenciáveis para o pleito de 2018, gravou um vídeo
em agradecimento aos futuros médicos.
— Nutro profundo respeito aos médicos. Se não for
agora, em 2019, se Deus quiser, a gente manda o pessoal cubano clinicar lá em
Guantánamo. O Brasil é nosso — disse o deputado.
Em 2014, mesmo sem pisar em Campos para campanha,
nem receber apoio de políticos do município, Bolsonaro foi o quarto mais votado
dos eleitos, com 7.643 votos. Ele só foi superado por políticos com apoio da
máquina (Clarissa Garotinho e Paulo Feijó) e da Igreja Universal (Roberto
Sales). Já o deputado Jean Wyllys (PSOL), desafeto declarado de Bolsonaro,
recebeu 1.760 votos em Campos.
Fonte: http://www.fmanha.com.br/politica/radicalizacao-na-rede-e-na-rua
21/05/2016 11:00
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