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Por - LUIZ FELIPE
PONDÉ -FOLHA DE SP - 23//03
Há que se ter uma certa
grandeza, mesmo no pecado, e o PT não foi elegante nem nisso.
Temos que
reconhecer: chegamos ao fim de uma era. O PT vive seu outono. Melhor voltar
para o pátio da fábrica onde nasceu e de onde nunca deveria ter saído.
Há que se ter uma
certa grandeza, mesmo no pecado (o desejo de poder é o pecado máximo de toda a
política), e o PT se revelou incapaz até de pecar com elegância.
Este outono do PT
não se deve apenas às manifestações contra seu governo. Essas manifestações,
diferentes das patrocinadas pelo "PT e Associados", manifestações com
todos os tiques de política de cabresto e mazelas sindicalistas (passeata chapa
branca), trazem algo de novo para o cenário, que deixa o "PT e
Associados" em pânico. A tendência é a elevação da violência por parte da
militância.
O Brasil perdeu o
medo do PT e da esquerdinha pseudo. As pessoas descobriram que o mal-estar com
essa turminha não é coisa de "gente do mal" (não é coisa de gente do
mal, é coisa de gente bem informada), como a turminha pseudo diz, mas sim que
somaram 2 + 2 e deu 4: o PT é incompetente para governar. Afundou quase tudo em
que tocou, seja municipal, estadual ou federal (e a Petrobras). Mas essa morte
do PT significa mais do que o fim de um partido que será esquecido em cem anos.
O fim do PT
significa que o ciclo pós-ditadura se fechou. No momento pós-ditadura, a
esquerda detinha a reserva de virtude política e moral, assim como de toda a
crítica política e social. Ainda que a história já tivesse provado que todos os
regimes de esquerda quebram a economia (como o PT quebrou a nossa) ou destroem
a democracia (como os setores mais militantes do partido gostariam de fazê-lo).
Vide o caso mais
recente e mais próximo, a Venezuela: economia destruída (e com petróleo!) e
democracia encerrada de uma vez por todas. Como será que nossa diplomacia,
ridícula como quase tudo que o governo do PT toca, reagirá ao fato de ele,
Maduro, ter se dado plenos poderes para matar e torturar em nome do socialismo?
Resta pouco espaço
para o governo. A tendência é que a presidente fale apenas a portas fechadas
para plateias seletas por medo de tomar mais uma panelada. Com a economia em
frangalhos, fica difícil para a presidente enterrar o petrolão em consumo, como
seu antecessor o fez durante o escândalo do mensalão.
Quando as pessoas
estão felizes comprando é fácil fazer vista grossa à corrupção. Quando o bolso
esvazia, o saco fica cheio.
Dizer que a
corrupção da Petrobras nada tem a ver com o partido no poder é piada. A
ganância do novo rico (o PT) aqui mostra seus dentes: querendo enriquecer
rápido, meteu os pés pelas mãos e com isso sacrificou a imagem de redentor que
o partido tinha para grande parte da classe média. Ele ainda detém o controle
de parte da população mais pobre (como a Arena no final da ditadura), mas logo
perderá esse trunfo.
É verdade que
ainda muitos professores, estudantes, artistas, jornalistas e intelectuais
permanecem sob a esfera de influência da "estrela mentirosa". Mas
isso também vai passar na hora em que muitos deles perderem o medo de serem
chamados de "reacionários". Reacionário hoje é quem se fecha ao fato
de que a história andou e as pessoas já não têm mais medo do PT e da sua
turminha.
Infelizmente, o
governo, diante da história que arromba a porta, parece um grupo de náufragos
num barquinho, fugindo da traição que perpetrou, xingando a água, dizendo que
as ondas são fascistas e que a tempestade é mal-intencionada.
Não, quem discorda
hoje do governo federal não é gente "fascista", é gente que viu que o
projeto do PT para o Brasil acabou. É gente educada, bem preparada, autônoma e
que está de saco cheio do tatibitate do PT. Sem líderes significativos, sem
propostas que criem a credibilidade necessária para sair da lama, a melhor
coisa que o PT pode fazer é pedir licença e sair de cena.
Não acho que haja
justificativa (ainda) para o impeachment, e devemos preservar as instituições.
Mas a água passa debaixo da ponte. Quatro anos é tempo bastante para se afogar
na vergonha. E, aí, a humildade será mesmo essencial, não? Sim, mas o PT é pura
empáfia.