Sem
alternativa - É visível a intenção do PT de
usar o instrumento para ampliar controle sobre burocracia estatal - POR O GLOBO
O necessário debate sobre o Decreto-Lei
8.243, o da criação de comissões, fóruns, “mesas” — jargão bolivariano — junto
a ministérios, órgãos em geral da administração direta e até estatais, não pode
ser travado fora do contexto político em que se encontra o país.
O discurso oficial da defesa do decreto
costuma destacar, entre outros pontos, a necessidade de se abrir novos canais
de participação política. O assunto é mesmo pertinente, pois tem a ver com a
revitalização da democracia representativa.
Os Estados Unidos, por exemplo, uma das
mais sólidas democracias do mundo, há tempos se valem de plebiscitos para, em
estados e municípios (counties), decidir questões locais. A
liberalização da maconha tem sido feita por meio dessas consultas.
O desenvolvimento e o aperfeiçoamento
de ferramentas digitais facilitam o futuro uso da internet para consultas
objetivas sobre temas de interesse direto da população.
O decreto-lei assinado na surdina pela
presidente Dilma Rousseff formalmente trata de ampliar a rede de comissões e
similares já existente, para aproximar os centros de decisão do governo da vida
real da população. Bom propósito.
Mas a real finalidade política é bem
outra — daí a edição silenciosa do decreto. É translúcida a intenção do PT de,
por meio de novas comissões, fóruns, etc. ampliar o aparelhamento do Estado,
característica conhecida da atuação do partido.
O momento do Decreto 8.243 é estratégico: caso a presidente Dilma se reeleja, o processo de aparelhamento da máquina pública, em curso desde 2003, quanto começou o primeiro mandato de Lula, se aprofundará. Na hipótese de derrota, o partido, mesmo com um presidente de oposição no Planalto, continuará com as rédeas de áreas da estrutura burocrática. Afinal, comissões e similares — está demonstrado — serão ocupadas por militantes dos ditos movimentos sociais e simpatizantes. Como já são os organismos semelhantes e mesmo ministérios.
O momento do Decreto 8.243 é estratégico: caso a presidente Dilma se reeleja, o processo de aparelhamento da máquina pública, em curso desde 2003, quanto começou o primeiro mandato de Lula, se aprofundará. Na hipótese de derrota, o partido, mesmo com um presidente de oposição no Planalto, continuará com as rédeas de áreas da estrutura burocrática. Afinal, comissões e similares — está demonstrado — serão ocupadas por militantes dos ditos movimentos sociais e simpatizantes. Como já são os organismos semelhantes e mesmo ministérios.
As raízes ideológicas do decreto são
chavistas, derivam da obsessão nacional-populista com a democracia direta, em
que o caudilho, o líder das massas, manipula de forma direta o povo e, assim,
se legitima por meio de constantes consultas populares. A Venezuela foi ao
ponto que chegou, de debacle, por esta via.
A reação do Congresso ao 8.243 tem sido
acertada, mesmo entre partidos da base do governo, PMDB à frente. Os
presidentes da Câmara e Senado, Henrique Alves (RN) e Renan Calheiros (AL), da
legenda, discordam, com razão, por ser inconstitucional, do uso do instrumento
do decreto-lei para se criar estruturas paralelas de poder, à moda da
democracia direta. Se o Planalto tem este objetivo, que envie projeto de lei ao
Legislativo, onde assunto tão grave precisa ser discutido com o devido cuidado.
Não há mesmo outra alternativa a não
ser aprovar o decreto legislativo que revoga o ato de Dilma e PT.
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