Dr. Russell Shedd |
- As igrejas terão que avaliar quais são as lacunas
que são totalmente inaceitáveis e quais são toleráveis.
Uma característica
da natureza humana é uma ambição inata. Quem não quer ser alguém? Quem não quer
subir no palco e ouvir as palmas bater? Superados os problemas de segurança e
alimentação, diz o psicólogo Abraão Maslow, o homem quer sentir que valeu a
pena viver. Ele quer fazer diferença, deixar um legado positivo. Apenas existir
durante algumas décadas na terra não cria no íntimo aquele sentimento agradável
que ele contribuiu algo de valor ao mundo. Se a origem deste incômodo vem de
Deus, podemos entender porque Paulo escreveu 1 Timóteo 3:1: Digna de crédito é
esta verdade. Se alguém almeja ser bispo (epíscopos, isto é, um
supervisor responsável para uma comunidade), deseja uma excelente (kalos,
bela, agradável) obra ou função. Poderíamos dizer: "Quem tem a ambição de
ser líder de uma igreja cristã, quer algo que satisfará um profundo desejo em
seu coração". Examinemos as condições básicas que Paulo alistou para seu
discípulo querido, e o ideal para todo aquele que se sente chamado por Deus
para conduzir uma igreja local.
Qualificações do
líder:
1) O candidato
deve querer esta posição. Ainda que seja praxe em concílios, convocados para
pedir do pretendente ao ministério pastoral uma confirmação que ele tenha um
chamado para tal, Paulo emprega a palavra "quer". Pedro concorda:
"Pastoreiem o rebanho de Deus que está aos seus cuidados. Olhem por ele,
não por obrigação, mas de livre vontade" (1 Pe 5:2). Sugere que, se falta
este desejo, o candidato não deve ser considerado vocacionado por Deus.
2) Deve ser
irrepreensível, isto é, sem falhas morais ou éticas que poderiam diminuir sua
aceitação da parte de Deus e da igreja como líder.
3) Não pode ser
casado com mais do que uma mulher.
4) Deve ser uma
pessoa equilibrada sem tendências extremistas.
5) Deve ter
domínio sobre suas emoções e apetites. É também o último item na lista do fruto
do Espírito (Gl 5.23).
6) Deve ser digno
de respeito da parte daqueles que conhecem bem o seu caráter, isto é, ter
qualidades de integridade, honestidade e confiabilidade, sem ações e atitudes
que desmentem suas palavras. Pratica o que prega.
7) Gosta das
pessoas; gosta de hospedar irmãos que necessitam cuidados básicos – casa e
comida.
8) Ele tem
facilidade em expor o sentido real e prático da Palavra de Deus. Sendo
expositor sério da Bíblia, não omite a responsabilidade de explicar e aplicar o
texto às vidas dos ouvintes. Mostra no próprio texto como então Deus quer que
Seus filhos vivam no contexto da pós-modernidade.
9) Ele evita
qualquer comida, bebida ou droga que possa viciá-lo. Sabe do perigo de se
escravizar a um prazer que não seja pecado em si.
10) Ele é manso,
portanto não reage à provocações com violência, mas está pronto para perdoar.
Longe de querer se vingar, ele cumpre o papel de pacificador e reconciliador.
Confrontar pecadores não provoca temores exagerados neste servo do Senhor.
11) Não tem uma
personalidade briguenta, mas amável. Tem ouvido para os problemas dos membros
da igreja e simpatiza com as pessoas nas intermináveis lutas delas.
12) Não tem nem
uma só gota de sangue avarenta cursando pelas suas veias. Seu espírito generoso
tem somente os limites dos seus recursos.
13) Vive numa casa
ordeira, organizada, que reflete sua disciplina pessoal. Seus filhos são
respeitosos e obedientes. Eles amam o Senhor e se sentem privilegiados acima
dos colegas da escola que não têm pais tão comprometidos com Deus como eles
têm.
14) Não é tão novo
na fé que os membros na igreja o reputem imaturo. Feliz no serviço de Deus, sua
sabedoria excede em muito os seus anos.
Muitas igrejas são
lideradas por pastores que carecem de algumas ou mesmo muitas das qualificações
que Paulo estipula. Provavelmente, a Timóteo faltava um ou outro destes
valores, mas isto não o desqualificou. Ele tinha o aval de Deus segundo 1
Timóteo 4.14! As igrejas terão que avaliar quais são as lacunas que são
totalmente inaceitáveis e quais são toleráveis.
-Esclarecimentos do Bo@noia :
- No Caso da IPB, como todos os líderes locais são "Presbíteros", distinguindo o Pastor apenas por ser o presbítero responsável pelo "ministério da palavra", enquanto os outros o são presbíteros "regentes" responsáveis pelo governo da Igreja; todos os requisitos abordados no Artigo são necessários a todos os "presbíteros" (vide Constituição da IPB).
- Dr. Russell Shedd é
Ph.D. em Novo Testamento pela Universidade de Edimburgo (Escócia), pastor,
professor, escritor e conferencista.
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