Não se deve temer a verdade. É bíblico. “A Verdade vos libertará!”. Não
é assim?
Mas qual é a verdade dos homens? Sei quais não são. Do coronel Carlos
Alberto Brilhante Ustra jamais será. A argumentação do assassino demonstra que
continua acreditando na mentira.
Não foi ele quem impediu a implantação de um regime de extrema esquerda
no Brasil. Foi o povo nas ruas.
A derrubada de uma ditadura de extrema direita ensinou que toda e
qualquer quebra da legalidade deve ser execrada. Aprendemos que deveríamos
impedir que outra – de extrema-esquerda – fosse imposta ao Brasil.
A nós, nas ruas, não importava a cor do porco. O essencial era impedir a
continuidade da barbárie cometida em nome do Estado e com o uso do mesmo.
Sempre quisemos liberdade, dignidade e democracia.
De onde o famigerado Ustra tira a conclusão de que ele seria um
“defensor” de nossos direitos, como afirmou no depoimento patético na Comissão
da Verdade?
É um anistiado. E em nome do que foi possível ser feito, à época, para
dar fim ao pesadelo. Seria salutar que o Brasil passasse a respeitar os
compromissos com a história assumidos pelo povo. Ou em nosso nome.
Não propugno a prisão de quem foi anistiado. Anistia é perdão. Foi
negociada e não imposta. Foi uma conquista que os que estão agora no poder (e
naquela época, onde estavam?) teimam em tentar desprezar, sem entender que desprezam
a NOSSA luta.
Mas a Verdade tem que ser dita. Demonstrada e exposta, como antídoto.
Ustra foi (e parece continuar a ser) um monstro. Alguém com um grave desvio de
conduta. É daqueles que se compraziam com a dor imposta a outros. Com o poder
infinito sobre a vida de terceiros.
Acha que quem deveria estar sentado na Comissão da Verdade é o Exército.
Precisa explicar melhor o que diz e identificar os alvos que está mirando.
Nada que é erguido sobre mentiras tem a mais remota chance de prosperar.
Como a ditadura não prosperou. Foi por isso que as ditaduras — todas — não
prosperam. É por isso que democracias centenárias esbanjam saúde.
As democracias são eternas. As ditaduras são acidente de percurso,
dolorosos e desnecessários. Estes novos tempos pós-ditadura são diferentes dos
anos de chumbo.
O que há em comum entre o que vivemos hoje e o que sofremos ontem é a
mentira oficial. É indispensável a demonização dos adversários. Se antes éramos
os “comunistas” – nunca fui! – hoje somos os “raivosos direitistas”. Nunca fui!
A ferocidade de um Ustra não tem parentesco estreito com a imbecilidade
patética de um Delúbio Soares, a arrogância idiota de um José Genoino, a
mitomania de um Dirceu ou a megalomania de um Lula. São males distintos. Um é
uma besta humana. Os outros são delirantes corruptos.
Mas há como ver nos dias de hoje as mesmas sementes que germinaram no
pântano de 1964. A tentativa de censurar a imprensa, por exemplo. O Brasil que
se deve amar ou deixar. A idolatria que substituiu generais por sindicalistas.
A procissão de programas nunca executados: antes a Transamazônica, agora o PAC.
A compra de apoios da dita classe (desclassificada) política. O emprego de
asseclas (antes os milicos, hoje os companheiros). A alteração da história como
instrumento de permanência no poder (antes o perigo vermelho, hoje o desprezo
pelo que outros fizeram. Pelo que nós fizemos.)
Ideologicamente, cada vez mais o hoje se parece com o ontem.
Sem Ustras, pois isso seria repetir a barbárie! Com a troca da violência
física pela violência moral.
Os lulopetistas somente aprimoraram o método
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