Formandos da Faculdade de Medicina de Campos (FMC)
resolveram fazer uma homenagem ao deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) durante
uma tradicional foto para formatura em março deste ano. Dois meses depois, em
meio a um acirrado clima de rivalidade política e de polarização, a imagem
viralizou na internet e ganhou repercussão na mídia nacional. No mundo virtual,
muitas críticas aos futuros médicos e também movimentos de apoio, como um vídeo
enviado pelo próprio deputado, em agradecimento aos campistas. No mundo real,
sobrou para o prédio da faculdade, que foi pichado com palavras usadas
normalmente por movimentos de esquerda (como a palavra “golpista”), contrários
ao pensamento de Bolsonaro — da direita. Em Campos, Bolsonaro teve mais de sete
mil votos na disputa de 2014.
A polêmica foto foi feita no dia 18 de março, na
escadaria do antigo Fórum, atualmente sede da Câmara. A imagem, na qual os
estudantes classificam o deputado como mito, foi compartilhada em uma página
dedicada a Bolsonaro na rede social Facebook, a “Bolso Mito TV”. Diego Carvalho
Nogueira, formando autor da postagem, expressa claramente seu apoio a Jair
Bolsonaro e também comentou sobre o fato.
— Nós, médicos formandos, temos muito orgulho da
nossa instituição de ensino, pois nos deu capacidade e qualidade nos nossos
conhecimentos técnicos e relacionamento com os pacientes. Prezamos muito pelo
próximo, sendo mais uma comprovação que não somos fascistas ou nazistas. A
instituição não tem a menor influência nos pensamentos políticos dos alunos,
assim como deve ser, afinal de contas faculdade de medicina é lugar de estudo e
não de discutir política. Mas em relação à moral e ética podem ter certeza que
fomos todos muito bem orientados e colocamos tudo em prática.
No dia seguinte à repercussão da foto de apoio a
Bolsonaro no jornal Extra, os muros da FMC foram pichados, conforme mostrou
Christiano Abreu Barbosa, em seu blog Ponto de Vista, hospedado na Folha Online.
A Fundação Benedito Pereira Nunes, mantenedora da
FMC, emitiu nota a respeito do caso. Afirmou que a entidade é apolítica e, à
época, classificou o fato apenas como “a manifestação da opinião de um grupo de
alunos feita fora dos limites da instituição. O que, em nome da liberdade de
expressão e opinião, respeitamos”. A instituição acrescenta que não acha
pertinente dar ao fato importância maior do que ele merece. “Trata-se de mais
um caso da utilização das redes sociais que abrem espaço para tudo e todos”.