A
suprema corte dos Estados Unidos acabou de aprovar o casamento de pessoas do
mesmo sexo em todos os cinquenta estados americanos. A prática já era aceita na
maioria dos estados, porém, treze estados (onde há mais evangélicos
conservadores) ainda proibiam a prática. Agora, com a decisão da suprema corte,
todos os cinquenta estados americanos são obrigados a aceitar o casamento de
pessoas do mesmo sexo.
Essa
sem dúvida é uma decisão emblemática, tratando-se do país mais “evangélico” do
mundo. Se lembrarmos que há apenas dez anos, a grande maioria dos estados
americanos repudiava o casamento de pessoas do mesmo sexo, a comemoração dos
ativistas pró LGBT diante da suprema corte americana mostra que a virada de
jogo foi mesmo surpreendente.
Meu
ponto aqui não é tratar de “direitos civis”. É preciso reconhecer que, perante
a Lei, todas as pessoas têm os mesmos direitos. E que, se alguém pretende
“casar-se” com quem quer que seja, em tese, essa pessoa tem o
"direito" de fazer isso, desde que não prejudique outra pessoa no
caso. Ao mesmo tempo, e isso ainda parece ser realidade nos Estados Unidos, as
pessoas e instituições religiosas que discordam continuam tendo o direito de
discordar, e, provavelmente, as igrejas não serão obrigadas a realizarem esse
tipo de casamento tão cedo.
Porém,
o que me chama atenção nesse caso é justamente a rápida mudança no pensamento
mundial acerca desse assunto, e a consolidação disso na maior democracia cristã
do mundo. Quando a maioria da população em uma democracia é favorável a uma
prática, a tendência é que essa prática venha a ser institucionalizada. Foi o
caso aqui. E isso mostra que os poderosos ventos de mudança que começaram a
soprar mais fortemente no mundo desde o final do século 20, com a queda do muro
de Berlim por exemplo, estão se intensificando cada vez, removendo com
facilidade marcos antigos, em prol de uma unificação do paganismo na terra. A
era cristã está terminando. E, tudo isso parece ter sido minuciosamente
planejado.
Talvez
seja exatamente isso o que as pessoas estejam comemorando diante da suprema
corte americana. Um cartaz no meio da multidão dizia: “a constituição é nosso
escudo contra a Bíblia da intolerância e preconceito”. Esse é o ponto mais
crucial me parece. Aqui está o verdadeiro motivo da disputa, o qual subjaz por detrás
de todos os demais discursos.
Mas
o que, como cristãos, podemos dizer disso tudo? Reclamar e exclamar
horrorizados expressões como: “é o fim dos tempos”? Talvez seja mesmo, e nesse
caso, não deveríamos estar horrorizados, mas com a certeza indirimível de que
tudo está acontecendo como tinha que ser. Sim, a era cristã precisa terminar,
pois se ela não terminar, Jesus não voltará. O Apóstolo Paulo disse que antes
que Cristo volte “primeiro" precisa “vir" a apostasia (2Ts 2.3). E o
próprio Cristo disse que os dias que antecederiam sua volta recapitulariam dois
importantes momentos da história bíblica. Um dos exemplos evocados por Cristo
foi justamente os “dias de Noé”, quando as pessoas “comiam, bebiam, casavam e
davam-se em casamento” (Lc 17.26-27). Questões em relação ao casamento,
portanto, estariam no centro da agenda do mundo mais uma vez, antes da volta de
Cristo. Em Gênesis 6 temos a descrição de padrões de casamento inaceitáveis por
Deus, e isso resultou diretamente no dilúvio. É interessante que o arco-íris
que estaria nas nuvens como prova da aliança divina, agora esteja numa bandeira
que contraria aquilo que o próprio Deus ordenou, porém institucionalizado na
forma da lei. Mas, talvez isso faça Deus se lembrar mais uma vez… Mas, o
segundo momento evocado por Cristo é ainda mais emblemático: "O mesmo
aconteceu nos dias de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e
edificavam; mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre
e destruiu a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se manifestar”
(Lc 17.28-30). Em Sodoma e Gomorra, um dos maiores pecados, que resultou na
destruição das cidades, foi o relacionamento entre pessoas do mesmo sexo!
Tudo
isso aponta para uma inquietante realidade e, ao final, para uma surpreendente
esperança. Todas as ações malignas no mundo, e que estão a todo vapor como
podemos ver, trabalhando para a implantação do paganismo como sistema, apesar
disso, estão debaixo dos desígnios daquele que anunciou o fim desde o começo.
Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são
chamados segundo o seu propósito (Rm 8.28). Fica, entretanto, o alerta do
Senhor: "Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo” (Mt
24.13).
Leandro Lima é escritor, teólogo e pastor
presbiteriano da Igreja Presbiteriana Santo Amaro – São Paulo/SP
-Fonte: http://www.pulpitocristao.com/2015/06/suprema-corte-dos-estados-unidos-aprova.html
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