"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." - Martin Luther King

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Igreja Católica excomunga em SP padre que defendeu amor entre bissexuais.


Padre Beto foi excomungado após declarações polêmicas em vídeo.

Padre Beto foi excomungado após declarações polêmicas em vídeo
Foto: Arquivo Pessoal / Reprodução da Internet
Padre Beto
- foto "O Globo.com"
A Diocese de Bauru, no interior paulista, comunicou nesta segunda-feira, em nota, a excomunhão do padre Roberto Francisco Daniel, conhecido como padre Beto, que aparece em um vídeo na internet dizendo, entre outras coisas, que pode existir amor em relações bissexuais, que existe fidelidade em relacionamentos extraconjugais contanto que aceitos pelo cônjuge e que mudanças são necessárias na Igreja para a instituição não “cometer o pecado de não saber amar o seu próximo”. Segundo a assessoria de imprensa da Diocese, as declarações foram o estopim para que a Igreja exigisse do padre Beto Daniel uma retratação pública, na última semana, o que não ocorreu por parte do sacerdote.
Na prática, a excomunhão é a retirada de uma pessoa de uma comunidade religiosa. Excomungado, o padre não pode mais celebrar qualquer culto considerado divino, como missa. No caso do padre Beto, a Diocese iniciará um processo de demissão do estado clerical junto ao Vaticano.
No sábado, padre Beto anunciou que não iria exercer suas funções a partir desta segunda-feira. “Acho impossível seguir o evangelho de Jesus Cristo em uma instituição que, no momento, não respeita a liberdade de reflexão e de expressão. O modelo que nos temos que seguir se chama Jesus Cristo e esse modelo viveu plenamente essa liberdade e fez com que as pessoas refletissem”, disse, na ocasião, em entrevista coletiva.
Ao GLOBO, a Diocese informou que havia contra padre Beto, também, por parte de fiéis, uma série de denúncias que contrariam a liturgia, a doutrina e os valores morais da Igreja. No comunicado, explica que o sacerdote, “em nome da liberdade de expressão, traiu o compromisso de fidelidade à Igreja a qual ele jurou servir no dia de sua ordenação sacerdotal” e que esses atos “provocaram forte escândalo e feriram a comunhão eclesial”.
Diz o comunicado, ainda, que o bispo diocesano de Bauru, “com a paciência e caridade de pastor, vem tentando há muito tempo diálogo para superar e resolver de modo fraterno e cristão esta situação” e que “esgotadas todas as iniciativas (...) o Bispo Diocesano convocou um padre canonista perito em Direito Penal Canônico, nomeando-o como juiz instrutor para tratar essa questão e aplicar a “Lei da Igreja”, visto que o Pe. Roberto Francisco Daniel recusa qualquer diálogo e colaboração”.
A excomunhão de padre Beto ocorre um dia depois de celebrar uma missa de despedida em uma paróquia de Bauru. Ao G1, padre Roberto Francisco Daniel disse que não ficou surpreso com a decisão da Diocese de Bauru.
- Eu esperava de tudo, até um arrependimento, uma volta atrás, mas, não criei nenhuma expectativa e para ser sincero não fiquei surpreendido com a decisão. Só posso dizer que dou Graças a Deus que não existe mais fogueira e fico tranquilo por estar do lado do ser humano, do desenvolvimento e da liberdade de expressão – disse, ao G1.

- Comentário do Bo@noia: "Deus ama o pecador, mas abomina o pecado...", faltou clareza ao sacerdote... Sola Scriptura... 

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sexta-feira, 26 de abril de 2013

A mulher que fez o jogador Bernardo perder a cabeça

Dayana, mulher do traficante Menor P.
Dayana - Imagem Veja.com

- Dayana Rodrigues, 23 anos, está com o traficante Menor P. há dois anos e também foi punida pela 'traição'. Na favela, bandido passou a ser chamado de "Tufão"
A forma como o caso chegou à 21ª DP (Bonsucesso) é praticamente uma confissão de crime: a mãe, o pai e uma irmã de Dayana foram à delegacia acompanhados pelo advogado Nilson Lopes dos Santos - o mesmo que defende Menor P. das acusações de tráfico. A alegação: Dayana teria sido atingida por "sete balas perdidas"
“Deixa ela passar. Não olha nem mexe. Sabe quem tá passando? É a mulher do chefe”. Popular nos bailes das favelas do Rio, o funk Mulher do Chefe traz, no refrão, uma brincadeira com uma das leis do tráfico de drogas. Flertar, brincar ou, como no caso do jogador Bernardo, envolver-se com a mulher de um chefe do tráfico é um delito punido com tortura, fuzilamento e desaparecimento do corpo da vítima. Bernardo, o meia vascaíno que escapou da morte no Complexo da Maré, foi salvo pela fama. O bandido Marcelo Santos das Dores, o temido “Menor P” e chamado também de “Astronauta”, foi alertado por outro jogador, o tricolor Wellington Silva, sobre as consequências óbvias da morte de uma figura conhecida nacionalmente: em resposta ao crime, a favela seria ocupada pela polícia e, como tem ocorrido nos últimos quatro anos, receberia uma UPP, algo que faz minguar os lucros do tráfico de drogas.
Bernardo cometeu um erro que já levou para o “microondas”, como é chamada a fogueira de pneus onde corpos são incinerados, um número incalculável de vítimas no Rio. A mulher que fez o jogador perder a noção do perigo é Dayana Rodrigues, de 23 anos, mãe de um menino de 6, filho de um traficante que já morreu. A criança chama Menor P. de pai, o que indica o grau de envolvimento do bandido com Dayana. Apesar de ser “mulher do chefe”, Dayana ainda mora com o pai e a irmã, em um apartamento na favela Vila dos Pinheiros, às margens da Linha Amarela. Como manda o figurino, Dayana gosta de ostentar riqueza e poder nas redes sociais – o que se traduz em joias douradas, poses em baladas, exibição de presentes caros e uma tatuagem, uma singela letra M, em homenagem ao amor com o traficante.
Dele, recebe mimos, e já ganhou pelo menos dois carros. O último deles um Peugeot 308 branco. No início do ano, Menor P. montou uma loja de sapatos para a amada. Os dois estão juntos há pelo menos dois anos – uma relação duradoura, se considerada a vida curta dos traficantes e a alta rotatividade dos relacionamentos no mundo do crime. No último dia 10, o apartamento da ‘segunda dama’ (sim, o traficante tem uma esposa e outras duas namoradas na favela) foi alvo de uma operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), após receberem a denúncia de que o bandido estaria escondido ali, o que não se confirmou.
Balas perdidas? - Dayana também foi punida: ela foi atingida por cinco tiros nas pernas e dois no pé esquerdo, mas está fora de perigo e recebeu alta do hospital. A forma como o caso chegou à 21ª DP (Bonsucesso) é praticamente uma confissão de crime: a mãe, o pai e uma irmã de Dayana foram à delegacia acompanhados pelo advogado Nilson Lopes dos Santos - o mesmo que defende Menor P. das acusações de tráfico. A alegação: Dayana teria sido atingida por "sete balas perdidas".
Bernardo, nas redes sociais, negou ter sido torturado, apesar de ter contado a história para o supervisor Renê Simões, na última quarta-feira. A própria mãe recusa-se a dizer se o filho, de fato, foi agredido. O depoimento do atacante estava previsto para hoje, mas acabou não acontecendo. Ele deve falar à polícia na semana que vem, quando finalmente apresentará sua versão sobre os momentos de terror na favela, que frequentava, como tantos outros jogadores, por ter amigos de outras épocas. Exemplo recente disso foi o atacante Adriano, que teve o nome envolvido com traficantes por ter presenteado a mãe de um deles com uma moto e doado 60.000 reais para a quadrilha da Vila Cruzeiro.
Empréstimo – Bernardo tinha tanta intimidade com bandidos da favela que chegou a pedir dinheiro emprestado ao traficante Menor P., em um dos momentos de atraso de salários do Vasco. Ele pegou com o bandido 40.000 reais e saldou a dívida quando voltou a receber do clube.
O caso de Bernardo vem à tona no momento em que corre, em Minas Gerais, o júri do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de ser o assassino da jovem Eliza Samudio, que namorou o ex-goleiro Bruno Fernandes, do Flamengo. O novo episódio deixa claro, além do risco que persiste nas favelas cariocas, a atração incontrolável que os craques da bola têm pelo perigo.
Bernardo tem dito a amigos que jamais pisará na favela da Maré outra vez. É uma decisão sábia, diante do problema que criou. O bandido Menor P. passou a ser, depois do episódio, ainda mais visado pela polícia. E está enfurecido: além de amargar a traição, tem sido desmoralizado na favela, onde recebeu o apelido de “Tufão”, em referência ao personagem interpretado por Murilo Benício na novela Avenida Brasil, sempre traído pela mulher, Carminha (Adriana Esteves). Muros da favela passaram a ser pichados com o novo apelido.
O bandido – Nos quatro últimos anos, desde que assumiu o controle de quase todas as favelas do Complexo da Maré, localizado às margens da Linha Vermelha e da Avenida Brasil, rotas obrigatórias para turistas que chegam ao Rio de Janeiro pelo Aeroporto do Galeão, o traficante Marcelo Santos da Dores, conhecido como Menor P., expandiu seus tentáculos de poder usando e abusando da violência. Extorquiu (2 milhões de reais) empreiteiras que faziam obras públicas que passavam em seu reduto, capitaneou disputas pelo território que deixaram quase uma centena de mortos e puniu traidores com a morte. O criminoso adotou também políticas assistencialistas, distribuindo gás, remédios e presentes para moradores da favela em datas festivas como Natal, Dia das Crianças, promoveu shows de artistas famosos, como o cantor Naldo, e grandes cultos evangélicos para angariar a simpatia de todos os gêneros. Tudo isso, misturado à corrupção de parte das forças policiais a quem paga.
Menor P. - ou Astronauta - era tão confiante que gostava de dar recados no baile. Numa das gravações que foram parar no youtube, ele pede a união de todos os moradores e reclama que a polícia e o Diabo tentaram ‘ceifar sua vida’. E em seguida cita uma passagem bíblica: “Eu sou que nem o Monte Sião, que não se abala nunca mas permaneço para sempre”. O traficante encerra seu discurso demagogo pedindo gritos mais altos dos presentes ao baile: “Quero ouvir toda a comunidade gritando, porque quem manda na comunidade é vocês (sic), a gente só administra”.

B E M - D I T O. . .




quinta-feira, 25 de abril de 2013

Os "aloprados" atacam


lançamento do livro Mensalão, de Merval PereiraPor Merval Pereira
À medida que se aproxima a hora da verdade, com os condenados pelo mensalão próximos do cumprimento das penas a que foram condenados, a ação política desesperada dos seguidores do ex-ministro José Dirceu, a começar pelo próprio, cria um clima de guerra contra o Supremo Tribunal Federal, numa tentativa de rever as condenações pela desmoralização dos juízes. Os “aloprados” do PT estão novamente à solta, desta vez para tentar controlar o Supremo Tribunal Federal (STF), numa retaliação clara à condenação dos mensaleiros.
A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ), que por sua composição esdrúxula já perdeu qualquer legitimidade – dois réus condenados, os deputados petistas José Genoino e João Paulo Cunha fazem parte dela - aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que submete algumas decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao poder Legislativo, numa tentativa patética de fazer retroceder a História, se não ao Segundo Reinado, pelo menos ao Estado Novo de Getulio Vargas, como ressaltou o ministro Gilmar Mendes.
A Constituição de 1937 dava ao presidente da República o poder de cassar decisões do STF e confirmar a constitucionalidade de leis derrubadas pela Corte. O jurista Marcelo Cerqueira, no livro A Constituição na História, fala da “regressiva “Lei de Interpretação” de 1840, “expediente destinado a restringir alguns artigos da reforma constitucional”.
Não foi à toa que essa emenda de um obscuro petista surgiu no horizonte político quando se abre o prazo para os recursos das defesas, numa clara tentativa de tumultuar o ambiente, que já está bastante conturbado com a polêmica sobre os chamados “embargos infringentes”.
Os órgãos a serviço dos mensaleiros, sejam blogs ou mesmo associações corporativas dominadas pelos petistas já comemoram o que seria uma derrota do STF, que estaria sendo obrigado a aceitar os “embargos infringentes” devido à pressão que vem sofrendo dos que consideram que o julgamento do mensalão foi uma farsa política.
Dessa maneira, os amigos de José Dirceu, e ele próprio quando acusa em suas palestras pelo país os juízes do STF de terem protagonizado um julgamento político, criam nos componentes do plenário do Supremo um espírito de corpo na defesa da instituição, mesmo naqueles que estão convencidos de que o regimento interno, como dizia o jurista Afonso Arinos, é do tipo constitucional e não pode ser alterado por uma lei.
Ao transformar a eventual aceitação da figura dos “embargos infringentes” em uma derrota do Supremo, e até mesmo em uma admissão de culpa de seus juízes, os defensores dos mensaleiros levam para o plano político uma disputa que deveria ser eminentemente técnica. O ministro Teori Zavascki, que entrou no lugar do juiz aposentado Cezar Peluso, passa a ser o fiel da balança não de uma decisão apenas jurídica, mas de característica política que pode levar à desmoralização do Supremo diante da opinião pública.
Se o ex-ministro José Dirceu conseguir uma redução de sua pena com uma mudança de voto provocada pela participação do novo ministro, ele poderá conseguir até mesmo ficar em prisão domiciliar, aproveitando-se de falhas no sistema penal brasileiro: o regime semi-aberto deve ser cumprido teoricamente em colônia agrícola, industrial ou outro similar. Se não houver vaga num estabelecimento desse tipo – e no Brasil é comum não haver - o sentenciado poderá ficar em outro local que adote "medidas que se harmonizem com o regime semi-aberto".
Na impossibilidade de outro estabelecimento penal, é pacífico entre os juristas que é direito do sentenciado e dever do Estado que o réu aguarde “em regime mais benéfico”, no caso o aberto, até que haja vaga em estabelecimento adequado.
Mesmo a prestação de pena em regime aberto tem suas peculiaridades. O condenado deveria dormir em albergues depois de passar o dia livre. Mas como não os há em número suficiente, o mais provável é que o condenado cumpra sua pena em regime domiciliar, com o compromisso de se recolher em sua residência no período noturno e em finais de semana. Em alguns locais é exigido que compareçam regularmente em juízo. É aí que tentam chegar os mensaleiros.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Renegociação de Itaipu foi uma grande pisada na jaca


Por Pedro Luiz Rodrigues
Marco Aurélio Garcia
Eleito Homem Sem Visão pela  Veja.com
Em 2009, o professor Marco Aurélio Garcia - assessor internacional da Presidência e percebido como o principal gerente da política externa  brasileira para assuntos sul-americanos – não escondeu seu entusiasmo quando o Congresso aprovou o acordo fechado entre o Brasil e o governo do então presidente do Paraguai, Fernando Lugo, renegociando os termos do Tratado de Itaipu.
MAG, como Garcia é chamado informalmente nos corredores do Planalto, tinha razão para estar se achando o máximo. Afinal fora um dos que mais defendera a mudança no Tratado, cuja aprovação foi arrancada a fórceps do Congresso.  Dessa maneira, o Brasil passou a pagar três vezes mais do que antes pagava ao Paraguai pela energia que nos cede em Itaipu. Em pior, o acordo perdeu sua virgindade.
Na cabeça do Professor MAG, parece não haver se consolidado a noção  que é tão claramente explicitada nos manuais introdutórios do Direito Internacional Público: a de que os acordos internacionais são compromissos estabelecidos entre Estados e não entre governos.
Que se dane o Direito Internacional Público. Tendo o presidente Fernando Lugo como parceiro ideológico do outro lado da ponte da Amizade, proferiu o professor a seguinte pérola à Agência Brasil (em 28.5.2009, viva a Internet): “O tratado (de Itaipu) surgiu em determinada circunstância histórica, que não fomos nós que criamos nem o atual governo paraguaio”.
Juro que fico com calafrios na espinha só de pensar se essa extraordinária manifestação de tão graduado assessor  tivesse sido feita em relação aos tratados que definem nossas fronteiras. Não foram os governos aos quais tem prestado sua assessoria o professor MAG que assinaram tais acordos. E daí? Deixam der menos válidos por isso?
Voltemos ao professor, que naquele mesmo dia deu outras declarações à Agência Brasil: Lembrou que existem que, no caso, haviam dois tipos de reivindicações que precisavam ser compatibilizadas: uma de ordem econômica, para as quais são necessários recursos, outra de ordem simbólica e política: “E o atual governo paraguaio foi eleito levantando algumas bandeiras, então ele tem hoje que prestar algum tipo de satisfação. Vamos ter que encontrar um denominador comum para atender a todas essas reivindicações. O presidente Lula e o presidente paraguaio, Fernando Lugo, têm um diálogo muito bom e eu acredito que isso vai chegar em um bom ponto”, concluiu MAG.
Normalmente, quem tem juízo busca usar a reflexão para evitar problemas no futuro. O Brasil poderia ter proposto algum tipo de benefício ao país vizinho que o auxiliasse a concretizar suas aspirações desenvolvimentistas, mas nunca poderia mexer num acordo juridicamente perfeito. Pacta sunt servanda! Foi quase que o lema nosso querido ministro Rezek nas aulas do Instituto Rio Branco.
A trapalhada de 2009 começaria a mandar cobranças em 2012, depois de o governo paraguaio (já então execrado por MAG, por conta do impeachment de Lugo) propor nova renegociação para aumentar o valor  pago pelo Brasil pela energia excedente de seu país.
O mesmo assessor presidencial que favorecera a mudança três anos anos, a mostrou-se inflexível e descartou a possibilidade de uma nova renegociação.
Mas agora, brasileiros e brasileiras, preparem-se! Uma vez que o Tratado de Itaipu já foi mexido uma vez, não há razão, pela ótima do Paraguai, que não seja mexido novamente.
Só que agora o jogo paraguaio será muito mais sofisticado.
O governo de Assunção convidou um dos economistas de maior visibilidade internacional, Jeffrey Sachs, para estudar a situação energética do país e, muito em particular, o Tratado de Itaipu. O detalhado estudo que sua equipe fez sobre o assunto será apresentado ao presidente-eleito Horácio Cartes dentro de mais algumas semanas.
Esse estudo terá duas partes: de um lado vão propor formas de que o país utilize parte da energia que cede ao Brasil em Itaipu para possibilitar que a indústria paraguaia dê um grande salto. De outro, há a questão da usina binacional. Sobre o assunto, Sachs adiantou ontem à imprensa de Assunção: “estamos analisando os aspectos financeiros relacionados com a geração hidrelétrica do Paraguai, em particular Itaipu. Em minha opinião, o Paraguai realmente deveria obter melhores condições de Itaipu, substancialmente melhores do que já obteve”.
Sachs disse ao Abc Color que “uma grande parte da dívida contratada para construir Itaipu já foi paga, pelo menos no que diz respeito à parte paraguaia da mesma”. “Se pelos livros de contabilidade Itaipu deve ainda quase vinte bilhões de dólares, metade dessa dívida é do Paraguai e isso, quando nos debruçamos sobre os números, não faz o menor sentido”.
Não faz sentido, na opinião de Sachs, pois se for tomada a quantidade de energia exportada ao Brasil pelo Paraguai desde o início de Itaipu, e sobre essa quantidade se colocar qualquer preço minimamente realista, fica claro  que o Paraguai já terá pago a maior parte de sua dívida, ou talvez ela toda.
- Acho que o Brasil e o Paraguai deveriam chegar a um entendimento muito melhor em torno dessa situação, e espero que isso possa se dar com o novo governo, através de discussões sensatas e transparentes.
Em  minha opinião, questões tais relevantes como essa não devem e não podem ficar na mão de assessores, independentemente do cargo que ocupem ou da relevância que pensem ter. Questões de Estado, como esta de Itaipu, devem ser negociados com quem acumulou competência no passado para isso: o Itamaraty. Não faltam quadros experimentados na instituição.
Enquanto esse governo petista tratar os interesses da nação sob o viés ideológico dessa esquerda equivocada empoleirada no PT, o país será sempre prejudicado e ridicularizado na comunidade internacional.

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Como assim, "não toqueis no ungido do Senhor..."?!


Ilustração de Samuel ungindo a DAVI
Há várias passagens na Bíblia onde aparecem expressões iguais ou semelhantes a estas do título desta postagem:
A ninguém permitiu que os oprimisse; antes, por amor deles, repreendeu a reis, dizendo: Não toqueis nos meus ungidos, nem maltrateis os meus profetas (1Cr 16:21-22; cf. Sl 105:15).
Todavia, a passagem mais conhecida é aquela em que Davi, sendo pressionado pelos seus homens para aproveitar a oportunidade de matar Saul na caverna, respondeu: "O Senhor me guarde de que eu faça tal coisa ao meu senhor, isto é, que eu estenda a mão contra ele [Saul], pois é o ungido do Senhor" (1Sm 24:6).
Noutra ocasião, Davi impediu com o mesmo argumento que Abisai, seu homem de confiança, matasse Saul, que dormia tranquilamente ao relento: "Não o mates, pois quem haverá que estenda a mão contra o ungido do Senhor e fique inocente?" (1Sm 26:9). Davi de tal forma respeitava Saul, como ungido do Senhor, que não perdoou o homem que o matou: “Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor?” (2Sm 1:14).
Esta relutância de Davi em matar Saul por ser ele o ungido do Senhor tem sido interpretado por muitos evangélicos como um princípio bíblico referente aos pastores e líderes a ser observado em nossos dias, nas igrejas cristãs. Para eles, uma vez que os pastores, bispos e apóstolos são os ungidos do Senhor, não se pode levantar a mão contra eles, isto é, não se pode acusa-los, contraditá-los, questioná-los, criticá-los e muito menos mover-se qualquer ação contrária a eles. A unção do Senhor funcionaria como uma espécie de proteção e imunidade dada por Deus aos seus ungidos. Ir contra eles seria ir contra o próprio Deus.
Mas, será que é isto mesmo que a Bíblia ensina?
A expressão “ungido do Senhor” usada na Bíblia em referência aos reis de Israel se deve ao fato de que os mesmos eram oficialmente escolhidos e designados por Deus para ocupar o cargo mediante a unção feita por um juiz ou profeta. Na ocasião, era derramado óleo sobre sua cabeça para separá-lo para o cargo. Foi o que Samuel fez com Saul (1Sam 10:1) e depois com Davi (1Sam 16:13).
A razão pela qual Davi não queria matar Saul era porque reconhecia que ele, mesmo de forma indigna, ocupava um cargo designado por Deus. Davi não queria ser culpado de matar aquele que havia recebido a unção real.
Mas, o que não se pode ignorar é que este respeito pela vida do rei não impediu Davi de confrontar Saul e acusá-lo de injustiça e perversidade em persegui-lo sem causa (1Sam 24:15). Davi não iria matá-lo, mas invocou a Deus como juiz contra Saul, diante de todo o exército de Israel, e pediu abertamente a Deus que castigasse Saul, vingando a ele, Davi (1Sam 24:12). Davi também dizia a seus aliados que a hora de Saul estava por chegar, quando o próprio Deus haveria de matá-lo por seus pecados (1Sam 26:9-10).
O Salmo 18 é atribuído a Davi, que o teria composto “no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul”. Não podemos ter plena certeza da veracidade deste cabeçalho, mas existe a grande possibilidade de que reflita o exato momento histórico em que foi composto. Sendo assim, o que vemos é Davi compondo um salmo de gratidão a Deus por tê-lo livrado do “homem violento” (Sl 18:48), por ter tomado vingança dos que o perseguiam (Sl 18:47).
Em resumo, Davi não queria ser aquele que haveria de matar o ímpio rei Saul pelo fato do mesmo ter sido ungido com óleo pelo profeta Samuel para ser rei de Israel. Isto, todavia, não impediu Davi de enfrentá-lo, confrontá-lo, invocar o juízo e a vingança de Deus contra ele, e entregá-lo nas mãos do Senhor para que ao seu tempo o castigasse devidamente por seus pecados.
O que não entendo é como, então, alguém pode tomar a história de Davi se recusando a matar Saul, por ser o ungido do Senhor, como base para este estranho conceito de que não se pode questionar, confrontar, contraditar, discordar e mesmo enfrentar com firmeza pessoas que ocupam posição de autoridade nas igrejas quando os mesmos se tornam repreensíveis na doutrina e na prática.
Não há dúvida que nossos líderes espirituais merecem todo nosso respeito e confiança, e que devemos acatar a autoridade deles – enquanto, é claro, eles estiverem submissos à Palavra de Deus, pregando a verdade e andando de maneira digna, honesta e verdadeira. Quando se tornam repreensíveis, devem ser corrigidos e admoestados. Paulo orienta Timóteo da seguinte maneira, no caso de presbíteros (bispos/pastores) que errarem:
"Não aceites denúncia contra presbítero, senão exclusivamente sob o depoimento de duas ou três testemunhas. Quanto aos que vivem no pecado, repreende-os na presença de todos, para que também os demais temam" (1Tim 5:19-20).
Os “que vivem no pecado”, pelo contexto, é uma referência aos presbíteros mencionados no versículo anterior. Os mesmos devem ser repreendidos publicamente.
Mas, o que impressiona mesmo é a seguinte constatação. Nunca os apóstolos de Jesus Cristo apelaram para a “imunidade da unção” quando foram acusados, perseguidos e vilipendiados pelos próprios crentes. O melhor exemplo é o do próprio apóstolo Paulo, ungido por Deus para ser apóstolo dos gentios. Quantos sofrimentos ele não passou às mãos dos crentes da igreja de Corinto, seus próprios filhos na fé! Reproduzo apenas uma passagem de sua primeira carta a eles, onde ele revela toda a ironia, veneno, maldade e sarcasmo com que os coríntios o tratavam:
"Já estais fartos, já estais ricos; chegastes a reinar sem nós; sim, tomara reinásseis para que também nós viéssemos a reinar convosco.
Porque a mim me parece que Deus nos pôs a nós, os apóstolos, em último lugar, como se fôssemos condenados à morte; porque nos tornamos espetáculo ao mundo, tanto a anjos, como a homens.
Nós somos loucos por causa de Cristo, e vós, sábios em Cristo; nós, fracos, e vós, fortes; vós, nobres, e nós, desprezíveis.
Até à presente hora, sofremos fome, e sede, e nudez; e somos esbofeteados, e não temos morada certa, e nos afadigamos, trabalhando com as nossas próprias mãos. Quando somos injuriados, bendizemos; quando perseguidos, suportamos; quando caluniados, procuramos conciliação; até agora, temos chegado a ser considerados lixo do mundo, escória de todos.
Não vos escrevo estas coisas para vos envergonhar; pelo contrário, para vos admoestar como a filhos meus amados. Porque, ainda que tivésseis milhares de preceptores em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus. Admoesto-vos, portanto, a que sejais meus imitadores" (1Cor 4:8-17).
Por que é que eu não encontro nesta queixa de Paulo a repreensão, “como vocês ousam se levantar contra o ungido do Senhor?” Homens de Deus, os verdadeiros ungidos por Ele para o trabalho pastoral, não respondem às discordâncias, críticas e questionamentos calando a boca das ovelhas com “não me toque que sou ungido do Senhor,” mas com trabalho, argumentos, verdade e sinceridade.
“Não toque no ungido do Senhor” é apelação de quem não tem nem argumento e nem exemplo para dar como resposta.

sábado, 20 de abril de 2013

A reportagem de VEJA sobre o caso Rose lembrou a Lula que sábado é o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório


-Por Auguso Nunes, Direto ao Ponto, Veja.com
Palazzo Pamphili, sede da embaixada brasileira
 em  Roma: hotel de Rose
Há 148 dias Lula insulta o Brasil que presta com a acintosa mudez sobre o escândalo que protagonizou em companhia de Rosemary Noronha. Neste sábado, a reportagem de capa de VEJA, que revela bandalheiras colecionadas pela ex-segunda-dama na chefia do escritório da Presidência da República em São Paulo, confirmou que o caso não será sepultado pelo silêncio do artista de palanque. Também lembrou ao ex-presidente que sábado é mesmo o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório.

Ressentida com parceiros e amigos que a teriam abandonado, Rose ainda não engole a ideia de naufragar sozinha. Vai afundar atirando, prometem as ameaças em código que vem emitindo. Uma delas foi a troca dos responsáveis por defendê-la. Entregue até recentemente aos cuidados de advogados escolhidos pelo PT, Rose contratou um escritório que durante anos prestou serviços ao PSDB para livrá-la de punições aplicáveis aos muitos crimes que cometeu.
Outro sinal de perigo a ameaça é a lista de testemunhas arroladas pelos novos defensores da vigarista que Lula promoveu a servidora da pátria. Para ajudá-la a escapar do processo administrativo em que é acusada de usar e abusar da estrutura do gabinete presidencial em benefício próprio, foram relacionados, por exemplo, Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência e ex-chefe de gabinete de Lula, a notória Erenice Guerra, ex-braço direito de Dilma Rousseff, e Ricardo Oliveira, ex-vice-presidente do Banco do Brasil e assíduo frequentador do escritório na Avenida Paulista.
A reportagem de Robson Bonin se amparou no relatório final de 120 páginas, elaborado por técnicos do Planalto, que condensa os resultados da sindicância que levou a chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, a pedir a abertura do processo administrativo contra a Primeiríssima Amiga. VEJA teve acesso ao documento.
Confira dois trechos da reportagem:
Era grosseira e arrogante com seus subalternos. Ao mesmo tempo, servia com presteza aos poderosos, sempre interessada em obter vantagens pessoais — um fim de semana em um resort ou um cruzeiro de navio, por exemplo. Rosemary adorava mordomias. Usava o carro oficial para ir ao dentista, ao médico, a restaurantes e para transportar as filhas e amigos. O motorista era seu contínuo de luxo. Rodava São Paulo a bordo do sedã presidencial entregando cartas e pacotes, fazendo depósitos bancários e realizando compras. Como uma rainha impiedosa, ela espezinhava seus subordinados.
Mensagens inéditas reunidas no relatório da investigação mostram que a ex-secretária foi recebida com honras de chefe de estado na embaixada brasileira em Roma. Todas as facilidades possíveis lhe foram disponibilizadas. Rose temia ter problemas com a imigração no desembarque em Roma. O embaixador José Viegas enviou-lhe uma carta oficial que poderia ser apresentada em caso de algum imprevisto. Rose não conhecia a Itália. O embaixador colocou o motorista oficial à sua disposição. Rose não tinha hotel. O embaixador convidou-a a ficar hospedada no Palazzo Pamphili — e ela não ocuparia um quarto qualquer. Na mensagem, o embaixador brasileiro saudou a ida de Rose com um benvenuti!, em seguida desejou-lhe buon viaggio e avisou que ela ficaria hospedada com o marido no “quarto vermelho”. Quarto vermelho?! Como o Itamaraty desconhece esse tipo de denominação, acredita-se que “quarto vermelho” fosse um código para identificar os aposentos relacionados ao chefe — assim como normalmente se diz “telefone vermelho”, “botão vermelho”, “sala vermelha”…
Há muito mais informações nas páginas da revista. E seguem seu curso os desdobramentos judiciais da Operação Porto Seguro, que descobriu as patifarias que enriqueceram a protegida do rei e pseus comparsas. Se Lula persistir na tática da afonia seletiva, o Ministério Público e a Polícia Federal terão  de obrigá-lo a falar sobre as delinquências em que se meteu ao lado de uma quadrilheira. Rose é coisa dele.
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Mensalão foi organizado por José Dirceu, afirma resumo da decisão


O resumo da decisão final da Ação Penal 470, o processo do mensalão, divulgado nesta sexta-feira (19), traz a denúncia do esquema e reafirma que as atividades foram organizadas pelo então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Diz o texto: “a organização e o controle das atividades criminosas foram exercidos pelo então Ministro-Chefe da Casa Civil, responsável pela articulação política e pelas relações do Governo com os parlamentares”. Ainda de acordo com o documento, publicado pelo Supremo Tribunal Federal no Diário da Justiça Eletrônico, os três publicitários — Marcos Valério, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz  — “ofereceram a estrutura empresarial por eles controlada para servir de central de distribuição de dinheiro aos parlamentares corrompidos”. O acórdão, com a sentença antes do julgamento dos recursos, será publicado na próxima segunda-feira (22), e contará com os votos em separado de cada um dos ministros.
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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Ministro Joaquim, a expressão da nossa voz

Min. Joaquim Barbosa - STF

- Por Pedro Luiz Rodrigues
Uns e outros, umas e outras, tendo tido notícia dos vínculos da amizade - respeitosa e distante - que mantenho com o Ministro Joaquim Barbosa, hoje no exercício da Presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), pedem-me que não deixe de lhe transmitir, o quanto antes, e com a efusividade possível, o grau de admiração que por ele nutrem, por ter a coragem de dizer o que todos nós, cidadãos e contribuintes, temos entalados no pensamento ou na garganta, atônitos diante de tanta coisa errada e de tanto malfeito neste nosso querido Brasil. Pedem-me, também, certamente cheios de querer bem, para transmitir ao Ministro Joaquim o estímulo para que continue a se indignar e a dizer o que diz, com ênfase e clareza, quando diante de maquinações maléficas dos graúdos. Mas sugerem também ao Ministro que ao combater o mal, faça-o de maneira menos agressiva.  Segundo esses e essas,  o Ministro estaria acertando no conteúdo, mas extrapolando na forma. A esses amigos e amigos, recordo o ditado latino pelo qual se guiava o ex-Ministro da Economia, Marcílio Marques Moreira, com quem tive o prazer de trabalhar em Washington e em Brasília: “suaviter im modo, fortiter in re”, algo como “suave na forma, forte no conteúdo”. Mas acontece que o Ministro Marcílio é o Ministro Marcílio, e o Ministro Joaquim é o Ministro Joaquim.
Não quero gerar confusão com este parágrafo enorme que abre meu artigo de hoje. Simplesmente quero dizer que cada um tem sua história, e cada um se expressa conforme seu enredo. Meu estilo pessoal é mais parecido com o do Marcílio, tanto assim que em mais de uma ocasião tomei de empréstimo seu bordão latino. Mas compreendo perfeitamente o Ministro Joaquim. Se de vez  em quando ele extrapola e se expressa com bronca pura, é porque sabe que em alguns casos os recatos da diplomacia são insuficientes para manifestar a indignação. É preciso, vez por outra, chutar o pau da barraca. Não estarão as pessoas de bem, a vasta maioria dos quase duzentos milhões de brasileiros e brasileiras, prestando especial atenção ao Ministro em parte porque, diante do mal-feito, ele se manifesta como nós todos gostaríamos de nos manifestar? A quem não o conhece de perto, asseguro que o Ministro Joaquim Barbosa é uma pessoa ótima, normal como nós todos, mas, advirto, tem estopim curto. A dor nas costas, ajuda a acentuar esse traço do temperamento. Mas quando sente que de fato ultrapassou os limites, como ocorreu recentemente em relação ao um repórter do Estadão, ele se penitencia, pede desculpas.
Não é à toa que quando o Ministro Joaquim circula por Brasília ou por qualquer outro canto do Brasil, as pessoas se acotovelem para chegar perto dele, para trocar uma palavrinha. Outro dia foi tanto o entusiasmo e o bem-querer que os que o acompanhavam para uma Aula Magna na UnB chegaram a temer pela integridade física do nosso Presidente do STF. Mas qual o quê! Saiu-se muito bem, falou com muitos, fez um excelente discurso e foi muitíssimo ovacionado.
Queria fazer um comentário sobre sua recente entrevista no Canal Brasil. Não são só os  muitos milhões de brasileiros de ascendência africana que o admiram, são os muitos milhões de brasileiros, de todas as raças, credos e religiões, que se associam com modo direto do Ministro Joaquim  na  procura de um Brasil não apenas mais justo, mas mais sério e melhor.
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sábado, 13 de abril de 2013

Neurocirurgião lança livro contando que esteve no Céu


- Experiência teria acontecido durante coma causado por meningite bacteriana
O neurocirurgião americano Eben Alexander III teve uma meningite bacteriana, ficou 7 dias em coma e diz ter vivido uma experiência de quase morte no Céu.
O neurocirurgião Eben Alexander III era um cético com 25 anos de profissão, tendo trabalhado no Brigham & Women’s Hospital e na Escola de Medicina de Harvard, entre outros. Há quatro anos, após contrair uma meningite bacteriana, ele viveu uma experiência de quase morte (EQM) durante sete dias de coma e escreveu o livro “Uma prova do Céu” (Ed. Sextante) contando a história que mudou sua vida.
No livro o senhor diz que a consciência não depende do cérebro porque seu neocórtex estava destruído pela meningite bacteriana e, mesmo assim, o senhor viveu uma experiência intensa durante o coma. Os médicos fizeram algum exame para provar que seu neocórtex estava destruído?
As evidências para isso estão nos exames neurológicos, nas tomografias computadorizadas e ressonâncias magnéticas que foram feitas durante o coma. Eu adoraria que tivessem feito um eletroencefalograma de alta resolução, mas meus médicos não viram razão para isso, já que eu estava devastado pela meningite e não estava em questão o quanto de meu cérebro funcionava, mas se funcionava. Os exames que foram feitos mostram que todo o meu cérebro foi afetado pela meningite de forma profunda.
A neurociência diz que isto é impossível...
Isto porque alguns neurocientistas têm uma visão muito limitada de que a consciência é criada pelo cérebro. E esta visão está fora de moda. Um dos livros que usei como referência é o “Irreducible mind: Towards a Psychology for the 21st Century”, 800 páginas com informações e dados que apoiam que a consciência não é local. A neurociência convencional é falha, errada, falsa, cairá em breve e há alguns neurocientistas que dizem que isso não pode ter acontecido comigo, que foi alucinação porque meu neocórtex estava danificado.
Mas os danos no neocórtex não poderiam ter criado as imagens e a experiência, como uma ilusão?
Não. E eu menciono estas hipóteses no livro, antes de escrever tentei descobrir como isso tinha acontecido no meu cérebro. Para mim e para os médicos, com todos os exames e o estado do meu cérebro, não teria como essas experiências terem acontecido. O que parecia inicialmente é que as experiências tinham acontecido quando eu estava voltando do coma, pouco antes de acordar. Mas isto aconteceu 18 horas antes de eu acordar, embora pareça que tenham durado meses. Mesmo depois que eu saí do coma eu falava e interagia com as pessoas como se eu estivesse em um delírio paranoico que durou 36 horas e isto explica meu cérebro tentando voltar. As memórias daquele delírio se perderam em semanas; as memórias do coma profundo estão claras hoje como há quatro anos.
O senhor ainda lembra então?
Sim, no início comecei a escrever tudo com medo de esquecer, mais ou menos como um sonho, que escrevemos com medo que a lembrança vá embora. Mas a memória do período de coma profundo está afiada e clara como se tivesse acontecido hoje.
Quando o senhor saiu do coma questionou a experiência?
Sim, desde o início. Eu achava que o que tinha acontecido não poderia passar de um fenômeno cerebral. Quando saí do coma lembrei de tudo durante o coma e nada antes disso, nada da minha vida, nenhuma palavra, não tinha ideia do que as palavras queriam dizer.
Como se o senhor fosse de outro planeta?
Exatamente. Não havia linguagem na experiência de coma profundo, apenas conceitos mais profundos que nossa mente linguística, por isso foi tão difícil trazê-los de volta.
Mas lendo o livro parece impossível voltar de um coma com o cérebro tão danificado...
Exatamente. Meus médicos dizem que não têm ideia de como isso aconteceu, não há explicação médica para isso. Minha melhor explicação, depois de ler vários relatos de EQM é que as pessoas que voltam, voltam porque escolhem voltar. E têm uma cura milagrosa. Um dos exemplos disso é um livro publicado um ano antes do meu, chamado “Dying to be me”, no qual uma mulher com linfoma em coma tinha linfonodos do tamanho de laranjas por todo o corpo, passou por uma EQM, voltou à vida e nos dias seguintes o câncer desapareceu. Para mim, como curador, isto traz à tona muitas questões interessantes sobre como conseguimos ser curados, como o poder da oração age, como alguém pode usar este poder para curar o corpo físico.
Qual foi a maior mudança na sua vida?
Acredito que a maior mudança tenha sido que minha jornada prova que a consciência não depende do cérebro, está num nível muito mais elevado e esta é a transformação mais profunda que muda tudo. Hoje eu percebo que doenças e dificuldades são oportunidades de crescimento, que estamos aqui por uma razão e que nossas vidas não devem ser fáceis. Estar aqui nos permite exercer o livre arbítrio e podemos escolher um caminho de amor incondicional ou algo completamente diferente. É um entendimento completamente diferente sobre a natureza da existência, do por quê estamos aqui, percebendo que este mundo material é uma ilusão persistente, passado e futuro não são o que parecem ser.
Como no filme “Matrix”?
Algo como aquilo, mas com mais propósito e significado, com mais poder de amor incondicional, que tem poder infinito. Não há nada como o amor incondicional. O mal e a injustiça são distrações para que possamos fazer escolhas, que são o grande presente que Deus nos dá. Mas isto tem um preço que muitas vezes são em forma de dor e sofrimento.
O senhor viu Deus?
Este Deus não é algo que se vê, você sente aquela presença na sua existência. Minha primeira consciência disso foi quando cheguei no portão, vi o vale de borboletas, a luz brilhante, a menina bonita que me acompanhava e os anjos acima. Esta foi minha consciência do divino, do amor incondicional. Deus não tem um rosto, um gênero, é mais poderoso do que se possa imaginar e está acima de qualquer palavra, por isso o chamo no livro de Om, que era o som que eu ouvia quando estava naquele lugar. Deus é uma palavra humana pequena e qualquer descrição que demos está aquém. Por isso é uma piada que a ciência moderna tenha uma teoria para tudo, é como se a ciência fosse um chimpanzé perto do entendimento de tudo.
O senhor é um homem religioso?
Sim, sou muito religioso, sei que Deus é absolutamente real.
Mas de alguma religião específica?
Eu frequento a Igreja Episcopal, sou cristão, embora saiba que as religiões que dizem que são as melhores são parte do pensamento humano disfuncional porque este Deus ama igualmente cristãos, judeus, muçulmanos, ateus, hindus, céticos porque o amor é incondicional e infinito.
Por que o senhor acha que isso aconteceu?
Primeiro eu achava que era um fenômeno cerebral, depois me convenci de que era real mas achava que tinha acontecido no meu cérebro e me perguntava sobre esta situação tão rara que é uma meningite bacteriana em um adulto, geralmente letal, não tenho ideia de como a contraí; passei pelo coma que aparentemente era sem recuperação e eu voltei sem explicação alguma e algumas pessoas dizem que estou melhor do que eu era, em termos de funcionamento cerebral. Tudo isto para mim me ajudou a me manter focado. Tudo isto não tem a ver comigo, não sou eu que sou especial, esta mensagem é que é especial.
O senhor acha que se pode prescindir do cérebro, já que ele não cria a consciência?
O cérebro não cria consciência, ele é um filtro que a reduz para que possamos compreendê-la e funcionar aqui no nosso aqui e agora. Eu tenho um exemplo de um colega de profissão que viu o pai em estado terminal conversar com a alma de sua mãe que tinha morrido num campo de concentração. Ele não via a alma da avó, mas via o pai conversando com ela no quarto do hospital e ouvia as histórias que o pai já tinha contado a ele mas que não tinha podido reproduzir em dois anos porque sofria de demência. Meu amigo sabia que aquilo era real, mas era um neurocientista top e não conseguia explicar aquilo. Quando eu contei minha história ele ficou pasmo e ligou as duas coisas. Outro exemplo são as pessoas que sofrem algum acidente como uma batida na cabeça ou passam por uma doença como um derrame e acessam uma espécie de super habilidade, como memorizar um catálogo telefones ou olhar para um mapa por segundos e reproduzi-lo. Isto é comum no meu campo de atuação e não há explicação. E é este meu ponto: quando se danifica o cérebro se permite o acesso a outras habilidades, a uma consciência maior.
O senhor ainda trabalha como neurocirurgião?
Não fazendo cirurgias. No momento estou muito ocupado e não teria como cumprir as exigências que um paciente exige. Mas espero voltar a lidar com pacientes terminais, com cuidado com pacientes que hoje é diferente para mim.
O senhor se sente estranho sendo um neurocirurgião sem acreditar tanto no cérebro?
Não. Tudo tem a ver com o entendimento de nossa existência. Estou fascinado sobre a consciência mas a ciência convencional não tem conseguido explicar e há uma razão para isso. Estou muito interessado em investigar mais a fundo.
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