"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." - Martin Luther King

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Como Mudar sua Igreja

- Por Mark Dever
Pastores sempre me perguntam: “Como fazer para que minha igreja mude?” Muitos ministros têm alienado suas igrejas na tentativa de promover mudança; a tal ponto de alguns serem afastados do ministério. Mesmo assim, como pastores, temos de levar nossas igrejas a mudanças, muito embora isto possa tornar-se difícil. Aqui estão algumas sugestões sobre como promover mudança: ensinar, permanecer e amar.

Ensine a mudar
Primeiro, nossas idéias para aplicar em nossas igrejas deveriam vir da Escritura. Isso faz do púlpito a ferramenta mais poderosa para mudar uma igreja. A pregação expositiva constante é um meio que o Espírito Santo normalmente usa para falar aos corações humanos. Ore para que através de sua pregação, Deus venha a ensinar a igreja como ela precisa mudar. É impressionante a frequência com que nós, pastores, queremos consertar os problemas, antes de termos tempo para explicá-los! Muitos pastores tentam forçar a mudança em suas igrejas – quase sempre defendendo tais medidas como atribuição da liderança – quando deveriam informar a igreja a respeito da mudança pretendida. Irmãos, devemos alimentar o rebanho confiado ao nosso cuidado e não bater nele. Ensinem o rebanho. Mesmo que a mudança que você vislumbra seja correta, ainda há a questão de o tempo ser ou não adequado. Ser correto não é uma licença para uma ação imediata, o que me leva ao segundo ponto.


Permaneça para Mudar
A idéia de se comprometer com um lugar está desaparecendo, tanto no local de trabalho quanto no lar. O modelo para as gerações mais jovens não é como uma escada corporativa pré-fabricada, com passos cuidadosamente limitados, e sim como o mosaico da rede mundial (world-wide web), com alternativas e opções, parecendo espalhar-se infinitamente. Assim, somos ensinados a valorizar experiências variadas, entendendo cada uma como um enriquecimento para a outra.
Nós, pastores, precisamos estabelecer um modelo diferente em nossas igrejas. Precisamos ensinarlhes que compromisso é bom, quer seja para com nosso casamento, família e nossa fé, ou nossa igreja e nossa vizinhança. É sob a luz de tais compromissos a longo prazo (não pensando em termos de meses, mas de décadas) que podemos ajudar nossa igreja a encontrar suas prioridades certas.
Como um pastor, seu maior poder de ajudar sua congregação a mudar não vem da força de sua personalidade, mas através de anos de ensino fiel e paciente. Mudanças que não acontecem neste ano podem vir no ano seguinte, ou em dez anos. Para este fim, escolha suas batalhas com sabedoria, cuidadosamente, priorizando uma mudança necessária após a outra. Quais das mudanças escolhidas é a mais necessária e mais urgente? Qual delas pode esperar? Falando de modo geral, os pastores precisam aprender a pensar de uma maneira madura e de longo prazo.
Pastorados longos também ajudam o pastor. Eles o impedem de se tornar um portador de novas idéias, colocando-as em prática por dois ou três anos e, depois desse tempo, ter de mudar-se para colocá-las em prática em outro lugar. Geralmente, quanto mais tempo ficamos, mais realistas temos de ser – e isso é bom para nossa própria alma e para aqueles a quem servimos.
A chave para uma mudança é ficar em uma igreja o tempo suficiente para ensinar a congregação. Se você não planeja ficar, então tenha cuidado antes de começar algo que o próximo pastor terá de terminar.
Não deixe a congregação tornar-se insensível com você ou com o seu sucessor, ou mesmo contra a mudança necessária.
Quando eu era um jovem seminarista, adotei três clérigos anglicanos, de Cambridge, como meus modelos. Todos tinham ministérios onde pregavam expositivamente em seus púlpitos, durante muitos anos – Richard Sibbes (em Cambridge e Londres, por 30 anos), Charles Simeon (em Cambridge, por mais de 50 anos), e John Stott (em Londres, por mais de 50 anos). Pela graça de Deus, estes três pastores construíram as igrejas onde serviam, e tiveram efeito sobre a emergente geração ministerial, mediante sua longa fidelidade.
Ame para mudar
Para desejar as mudanças corretas, ensinar sobre elas, e ficar tempo suficiente, você tem de amar. Você tem de amar o Senhor e amar o povo que Ele lhe confiou.
Clemente de Roma disse: “Cristo pertence aos humildes de coração, e não àqueles que se exaltam sobre o seu rebanho”. Do amor procede o cuidado paciente que continuamente dirige a congregação para a Palavra de Deus.
Jonathan Edwards não foi um pastor menos fiel somente porque sua congregação o demitiu. Alguns de nós tivemos pastorados curtos e fiéis. Mas este tipo de pastorado não é minha preocupação aqui. Com este breve artigo, simplesmente tentei levantar em sua mente algumas idéias de como você pode – ensinando, permanecendo e amando – levar sua congregação à mudança bíblica.
Nosso amor deve ser pessoal
Às vezes, nos sentimos tentados a amar à certa distância. Temos disposição de amar aos outros, desde que não tenhamos de nos aproximar muito. Colocar ofertas no gazofilácio ou enviar dinheiro à uma agência de assistência cristã parece aliviar nossa consciência. Contudo, nossa consciência deveria ser pungida, ao lermos o conselho de Paulo aos romanos: “O amor seja sem hipocrisia... Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal... compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade... Alegrai-vos com os que se alegram e chorai com os que choram” (Rm.12.9-15).
Nosso Senhor amou as pessoas de um jeito muito especial. Ele se importava com as pessoas individualmente. Lembre-se de como Ele demonstrou amor a Levi, o coletor de impostos; à mulher, no poço; ao leproso, ao homem possesso de demônios, a Saulo de Tarso – a você e a mim.
À medida que buscamos “amar como Ele amou”, não devemos também nos dispor a amar as pessoas pessoalmente? Quando foi a última vez que você gastou tempo individualmente com alguém viciado? Com um parente que tem um filho rebelde? Alguém que perdeu o emprego? Um irmão ou irmã que tem uma doença crônica terminal? Comprometamonos a amar aos outros pessoalmente, assim como Jesus nos amou – ainda que isto nos tire de nossa zona de conforto.


Mark Dever é pastor da Igreja Batista de Capitol Hill, no distrito de Washington; fundador do ministério 9Marcas e um dos organizadores do ministério Juntos Pelo Evangelho; conferencista internacional e autor de vários livros, incluindo os livros "Nove Marcas de Uma Igreja Saudável","Refletindo a Glória de Deus" e "Deliberadamente Igreja", todos publicados em português pela Editora FIEL.




Extraído do livro: Andando nos Passos de Jesus, de Larry McCall
(Editora FIEL, São José dos Campos, SP - 2009)

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