"O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética... O que me preocupa é o silêncio dos bons." - Martin Luther King

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Premiado com 100 mil dólares pelo polonês que chamava de ‘pelegão’, Lula promove Lech Walesa a ‘herói da democracia’

 Por Augusto Nunes - Veja.com
Protagonizadas por um Lula grávido de autoconfiança e apaixonado por si próprio, duas cenas gravadas em novembro de 2002, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, aparecem no documentário Entreatos, de João Moreira Salles. Na primeira, a bordo de um jatinho, o candidato embarca rumo aos tempos em que jogava futebol no intervalo do trabalho e surpreende os companheiros de viagem ao informar que só não se tornou profissional porque optou pelo curso no Senac. Em seguida, diz que se inspirava em Didi (aos 11min59 do vídeo) e solta a comparação assombrosa:
Eu batia falta igual a ele.
Inventor da “folha seca” desferido com o lado externo do pé direito, a bola viajava a poucos metros do campo e baixava abruptamente ao aproximar-se do gol , o bicampeão mundial Didi foi um dos maiores cobradores de faltas de todos os tempos. “Como o Didi?”, Palocci murmura, esboçando um sorriso abortado pela constatação de que o craque do time da fábrica não está brincando. Se o médico não tivesse sido sepultado pelo político, Palocci veria, em vez de uma lorota, um sintoma veemente de mitomania.
Os sinais da disfunção sublinham o palavrório da segunda cena. A cinco dias do desfecho do eleição, no interior do jatinho, a trinca formada por Sílvio Pereira, José Graziano e Wilson  Timóteo Júnior acompanha o monólogo do chefe com a expressão contrita de quem testemunha outra aparição de Nossa Senhora. Confira a decolagem aos 11min20 do vídeo:
No Brasil, hoje, a única figura política de dimensão nacional sou eu. Mas por que eu cheguei aonde eu cheguei? Porque eu tenho por detrás de mim um movimento. Eu tenho por detrás de mim uma grande parte da Igreja Católica, da base da Igreja Católica. Eu tenho por detrás de mim uma grande parte dos estudantes, o PT, a CUT. É muita coisa.
É tanta coisa que basta para explicar, na opinião do candidato, a diferença que o separa do polonês Lech Walesa. Líder da organização sindical Solidariedade, o operário Walesa foi eleito presidente depois da derrubada do regime comunista. Fez um governo medíocre, saiu de cena com baixíssimos índices de popularidade e não voltou a desempenhar papeis relevantes.
O Walesa é um pelegão. Um pelegão! enfatiza.
Descreve o primeiro encontro com o líder polonês e retoma a ofensiva:
Ele chegou ao poder porque a Igreja conservadora botou ele lá. (…) Ele deu no que deu porque ele não tinha porra nenhuma. Ele não tinha partido. Ele não tinha nada conclui em tom debochado.
Nesta quinta-feira, Lula baixou em Gdansk para receber o prêmio Lech Walesa, criado pela fundação dirigida pelo ex-presidente polonês para homenagear “personalidades destacadas por seu respaldo à liberdade, democracia e cooperação internacional”. Na discurseira de agradecimento, as críticas ao pelegão foram substituídas por derramados elogios a “um autêntico herói que liderou os trabalhadores da Polônia em sua luta pela democracia”.
Se tivesse parado por aí, Lula teria apenas confirmado que hipocrisia é marca de nascença. Como jamais perde a chance de erguer monumentos ao cinismo, precisou de duas frases para inaugurar mais um em Gdansk. “Fomos muitas vezes tachados como pessoas despreparadas, incapazes de conduzir a luta sindical”, recitou a voz que até a semana passada achava Walesa um exemplo de despreparo para a condução da luta sindical. “Nossos críticos desconhecem, contudo, que os operários não aceitam nem toleram falsas lideranças”.
A drástica mudança de opinião custou exatamente 100 mil dólares, valor do prêmio que Lula foi buscar na Polônia. Ele diz que vai doar a quantia a “um país africano”, que será escolhido por representantes do Instituto Cidadania e da Fundação Lech Walesa. Por enquanto, a bolada está sob a guarda de Paulo Okamoto. Aquele mesmo: o “Japonês”. Se depender do guardião, os africanos devem esperar sentados.
Por que não usar o dinheiro para socorrer alguns dos milhões de nativos que sobrevivem submersos na miséria? Para não admitir a existência de miseráveis no Brasil Maravilha registrado em cartório. Camelô de si mesmo, Lula jura que o seu governo acabou com os brasileiros pobres. Devem ter sido exportados para a África.

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